Os números da reciclagem de embalagens de plástico flexíveis podem vir a triplicar durante a próxima década, contribuindo assim para a concretização dos objetivos de reciclagem da União Europeia. No entanto, para que tal aconteça, é necessário ultrapassar obstáculos que dificultam a reciclagem, tais como a utilização de multimateriais e de multicamadas.
Um estudo realizado pela consultora inglesa Eunomia para a Plastics Recyclers Europe (PRE) demonstra que, todos os anos, são colocados no mercado da UE um total de 15 Mt de filmes flexíveis, dos quais 9 Mt são de polietileno (PE). Destes, apenas 23% são reciclados, o que revela muito espaço para melhorias. Especificamente, o estudo indica que deve ser melhor aproveitado o fluxo doméstico, que representa atualmente cerca de 40% de todos os resíduos de filme de polietileno produzidos na EU (cerca de 63% do filme produzido na Europa é utilizado em aplicações de embalagem).
São necessários grandes investimentos em capacidade e tecnologia para aumentar a reciclagem destes resíduos. Neste sentido, devem de ser trabalhados, em paralelo, aspetos como o aumento da recolha seletiva e da qualidade dos resíduos triados, e a reciclabilidade dos materiais. Na conceção para a reciclagem, as multicamadas, por exemplo, são apenas um dos aspetos que influenciam a qualidade do reciclado.
Os mercados finais são igualmente importantes. “As aplicações topo de gama para rPE continuam largamente sub-exploradas”, comentou Ton Emans, presidente da PRE, acrescentando que “hoje em dia, apenas cerca de 13% das embalagens flexíveis de PE recicladas são utilizadas em aplicações similares (film-to-film)”. Esta tendência é confirmada no estudo: existe potencial para aumentar substancialmente a utilização de conteúdo reciclado na maioria dos principais setores do mercado de filme.
As embalagens flexíveis de polipropileno (PP), com um mercado de cerca de 2,5 Mt, foram identificadas no estudo como tendo um fluxo de reciclagem igualmente muito abaixo do que seria possível. O relatório salienta que, atualmente, boa parte dos filmes flexíveis de PP não são triados nas estações de separação de resíduos, pelo que é necessário desenvolver vias viáveis de triagem e reciclagem.
Com a procura de embalagens flexíveis a crescer na Europa, os decisores políticos e a indústria devem continuar a trabalhar lado a lado para aumentar a sua circularidade.
O estudo ‘Flexible Films Market In Europe - State of Play’ está disponível para download neste link.
www.interplast.pt
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