BP12 - InterPLAST

ENTREVISTA 18 cumprir com as metas da reciclagem. Aliás, as embalagens são o único fluxo de resíduos dentro dos resíduos urbanos a cumprir com as suas metas atualmente. Na sua opinião, que outras medidas governamentais seriam importantes? Sobretudo, gostávamos muito de ver mais estabilizado o quadro de atuação das empresas, com uma ‘compliance’ ambiental que seja razoável do ponto de vista económico. A política pública para o setor do ambiente, do nosso ponto de vista, deve ter objetivos claros e mais transparentes, nomeadamente ao nível dos instrumentos jurídicos. O país está agora a discutir o próximo PERSU (Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos) e as políticas públicas que se vão materializar, nesse e noutros instrumentos, a par do extraordinário ciclo de financiamento que o país vai ter, são grandes oportunidades para investimento no setor dos resíduos e no setor da reciclagem. Aumentar as taxas de reciclagem passa, antes de mais, por colocar nomercado embalagens 100% recicláveis. A SPV disponibiliza à indústria uma valiosa ferramenta de ecodesign. Fale-nos um pouco do Ponto Verde Lab. O Ponto Verde Lab é uma plataforma digital da Sociedade Ponto Verde onde disponibilizamos e partilhamos conhecimento que tem como objetivo apoiar produtores e embaladores a desenvolverem e a desenharem embalagens mais sustentáveis. Procuramos estimular a adoção das melhores práticas de ‘ecodesign’ e ‘design for recycling’, seja pelo desenvolvimento de embalagens que incorporammatérias-primas recicladas, porque diminuem a utilização de matérias-primas virgens, seja pela eliminação de material supérfluo ou porque diminuem o recurso a materiais nocivos para o ambiente. Todas estas são práticas com efeito na prevenção de resíduos e reciclabilidade das embalagens, e, consequentemente, com impactos fundamentais no uso eficiente de recursos. Para além de partilharmos este conhecimento, através do Ponto Verde Lab fomentamos também a investigação e o desenvolvimento que resulte em mais conhecimento e na implementação de projetos que venham beneficiar todos os agentes da cadeia de valor da reciclagem e a circularidade das embalagens. Projetos estes que apoiamos também através de investimento financeiro. O objetivo é colocar sempre a inovação ao serviço de mais e melhores embalagens e fluxos de reciclagem, no apoio ao cumprimento das metas nacionais e, também, no desenvolvimento sustentável, tendo por base o paradigma da economia circular que se pretende cada vez mais assegurar. Temhavido boa adesão por parte dos embaladores e fabricantes de embalagem a esta ferramenta? A adesão à ferramentamede-se pelos resultados alcançados. Uma parte relevante dos nossos clientes, que representam 33% das embalagens colocadas no mercado, reportaram ter implementado medidas de prevenção que resultaram numa redução média de 50% do peso das embalagens, na diminuição dos resíduos produzidos em cerca de 8 toneladas e na redução da utilização de materiais nocivos em 52%. Estimulámos, ainda, em mais 40% a utilização de materiais com maior possibilidade de valorização e reciclagem, e em mais de 81% a incorporação de matérias-primas recicladas. Quanto a projetos, falamos de 46 projetos de investigação e desenvolvimento já apoiados pela SPV, de 87 entidades que decidiram inovar connosco. Tudo isto reflete o investimento que ronda os 13 milhões de euros por parte da Sociedade Ponto Verde. Os embaladores têm, ou podem vir a ter, algum benefício por colocarem no mercado embalagens otimizadas em termos ambientais (nomeadamente em bonificações no ecovalor)? O que esperamos todos, e sabemos estar em desenvolvimento ao nível do quadro legislativo europeu, é que as embalagens que cumpram com as boas práticas de design não sofram qualquer tipo de penalização. Falo de mais um daqueles palavrões a que todos nos vamos acostumar nos próximos tempos, a ‘ecomodulação’. Portanto, o benefício advirá na perspetiva de não serem penalizadas, se as soluções de embalagem adotadas permitirem maximizar a reciclagem. De todos osmateriais, o plástico é talvez o que oferece maiores desafios a toda a cadeia de valor. Como vê o futuro deste material nas aplicações de embalagem? O plástico é, dos vários materiais, aquele que tem um A reciclagem química apresenta-se, cada vez mais, como uma tecnologia promissora para o aproveitamento dos plásticos com maior dificuldade de escoamento para reciclagemmecânica ou até para plásticos não recicláveis

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