BP12 - InterPLAST

SUSTENTABILIDADE 52 de competências acrescidas, cultura organizacional flexível e envolvimento da gestão de topo. Pode tambémestar relacionada com os custos inerentes a este processo ou com uma estratégia focada nos custos e processos operacionais e não numa estratégia proativa que tenha a ecocentricidade e a sustentabilidade ambientalmente responsável como foco. No que diz respeito à rastreabilidade, da qual se esperava que influenciasse a relação entre as práticas de GSCA e o desempenho ambiental, os resultados não confirmaram a influência positiva da variável nesta relação. O motivo pode ser a pouca atenção que a indústria portuguesa dos plásticos está a dar à implementação de práticas sustentáveis, o que denota um conflito estratégico entre o curto e o longo prazo. Para além da ecocentricidade e da rastreabilidade, também a cultura ambiental das empresas foi analisada como variável influenciadora da relação entre as práticas de GSCA e o desempenho ambiental e da relação entre a GARC e o desempenho ambiental. Em nenhuma das relações se verificou um impacto relevante da cultura ambiental como moderadora. Omesmo se passou como posicionamento ambiental. Estas conclusões refletem a falta de proatividade na área da sustentabilidade e a importância que a gestão de topo deve dar à cultura empresarial. É urgente trabalhar a cultura ambiental para que as empresas possam renascer em termos ambientais e para que se consiga interiorizar nelas a necessidade de umamudança de paradigma. A pressão competitiva foi estudada como variável moderadora da relação entre as práticas de GSCA e o desempenho ambiental e da relação entre a GARC e o desempenho ambiental. No setor industrial dos plásticos, este impacto não se verificou. Pode associar-se este resultado à fase em que a amostra tratada se encontrava no momento da investigação (em plena pandemia da Covid-19, 1º semestre de 2020). Por ainda não existiremmuitas empresas do setor a atuar em relação à sustentabilidade, a pressão competitiva para tomar medidas ambientalmente responsáveis não se faz sentir. Em relação à incerteza ambiental como variável influenciadora da relação entre as práticas de GSCA e o desempenho ambiental, os resultados nãomostraram efeito moderador relevante na relação entre as variáveis. A ausência de uma relação positiva entre estas variáveis pode relacionar-se com a antiguidade das empresas deste setor industrial. Dado o tempo em que atuam no mercado, poderão estar focadas em continuar o seu modus operandi, não sentindo necessidade de se adaptar ou de abrir horizontes em relação à sustentabilidade. Uma outra explicação plausível poderá ser a falta de recursos para investir claramente numa estratégia proactiva mais responsável ambientalmente de forma a obterem melhores desempenhos ambientais. Por último, não foi possível encontrar um impacto relevante na relação entre as práticas de GSCA e o desempenho ambiental, nem tão pouco na relação entre a GASC e o mesmo. A responsabilidade social das compras está intrinsecamente ligada ao posicionamento e à cultura ambiental. Sem uma clara estratégia de sustentabilidade ambiental, a cultura ambiental interna destas empresas ainda não está suficientemente orientada para a responsabilidade social e ambiental. De uma forma geral, o estudo permitiu demonstrar que, embora exista alguma atividade da indústria portuguesa dos plásticos em relação à sustentabilidade, muitas práticas e soluções a nível da sustentabilidade ainda não estão a ser implementadas ou valorizadas adequadamente. Amudança para paradigmas sustentáveis parece ainda estar numa fase muito precoce, o que talvez constitua o principal motivo pelo qual não foi possível averiguar detalhadamente em que medida as variáveis estudadas moderam a relação entre a implementação de práticas sustentáveis e o desempenho. O facto de não existir impacto positivo da maioria dos itens analisados no desempenho é resultado da, ainda, preferência das empresas da indústria dos plásticos pelas decisões de curto- -prazo e reativas ao invés de decisões planeadas a longo-prazo e proactivas que abracemclaramente uma estratégia ambientalmente responsável. Isto é, o investimento ainda é direcionado para soluções operacionais imediatas, de forma a obteremuma rentabilidade imediata e não para soluções mais sustentáveis no futuro. De realçar que há uma clara necessidade de repensar os apoios às PME, cujos recursos escassos poderão não ser suficientes para enfrentaremo paradigma demudança que se avizinha, que é incontornável. A Gestão Sustentável da Cadeia de Abastecimento trata do alinhamento estratégico da empresa e dos seus stakeholders com o meio envolvente, por isso deve ser vista como um recurso que facilita uma visão sistémica da cadeia, baseada na economia circular e na partilha de conhecimento, que só trazem vantagens, tanto para as empresas como para o ambiente. Sendo de conhecimento geral que aspetos como a sustentabilidade e a economia circular são o caminho para um futuro seguro, uma vez que o Homem esgota a velocidades alucinantes os recursos do planeta, é urgente que as empresas e as políticas públicas estejam orientadas para um investimento a longo-prazo para alcançar o desenvolvimento sustentável e aumentar o desempenho ambiental. A indústria dos plásticos temumpapel importante no caminho do desenvolvimento sustentável que não está a ser

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx