ENTREVISTA 12 contacto com os restantes 'stakeholders' e esta comunicação é essencial para garantir que a informação veiculada é fidedigna, baseada em dados científicos. Está nos planos da organização alargar o tema do evento a outras áreas/materiais além dos plásticos? Sim, até porque o problema não é o plástico, é o resíduo e a gestão de resíduos. Este é um dos enfoques do evento, a que se junta a tal visão holística de que falávamos, para que todos possamos caminhar ao mesmo passo, no mesmo sentido. Neste contexto, queremos dar enfase ao conceito de circularidade intersectorial, em que os resíduos de um setor podem ser utilizados como matéria-prima noutro. Por exemplo, os resíduos do plástico podem ir para a construção, os resíduos do têxtil podem ir para o calçado, e por aí adiante. Aqui, as várias indústrias vão ter o papel fundamental de desenvolver práticas de circularidade intersectoriais. Durante o PSGE, teremos a presença do presidente da associação portuguesa da indústria do calçado, APICCAPS, Luís Onofre, que irá abordar este tema. De qualquer modo, é um evento importante para os transformadores de plásticos nacionais… Sim, os transformadores nacionais têm nesta iniciativa uma excelente oportunidade de networking com todos os 'stakeholders' nacionais e internacionais. Por outro lado, graças à elevada adesão de interessados, o PSGE é uma ocasião única para criamos conteúdos mediáticos que podemos partilhar antes, durante e depois do evento, levando a cabo uma campanha digital para promover a indústria e colocá-la no lugar de destaque que ela merece. Que grandes temas vão ser debatidos no PSGE 2025? Esta edição terá quatro painéis dedicados aos temas ‘Indústria Resiliente e Gestão Integrada’, ‘Caminhos para a Transição: Uma Abordagem Societal’, ‘Manter o Looping: Melhorar a Circularidade’ e ‘Arquitetura Regenerativa de Ecossistemas: Do berço ao berço’. A Agenda Sustainable Plastics vai ter um palco próprio. Que inovações vamos poder encontrar por lá? De facto, esta Agenda estratégica e de extrema importância para alavancar a economia circular dos plásticos em Portugal, terá lugar de destaque no PSGE 2025, com um palco próprio onde serão apresentadas as soluções inovadoras desenvolvidas por cada um dos 14 PPS, no âmbito dos quatro work packages de circularidade que integram o projeto. Neste espaço, os participantes ficarão a conhecer exemplos concretos de novas abordagens na conceção de materiais e produtos plásticos, nomeadamente através da incorporação de matérias-primas mais sustentáveis - como polímeros reciclados ou biopolímeros - bem como tecnologias e processos que potenciam a reciclabilidade dos produtos e a valorização de resíduos plásticos, assentes na reciclagem e no reaproveitamento de resíduos. Serão também destacadas estratégias de ecodesign e de otimização de ciclo de vida, que contribuem para uma redução da pegada ambiental dos produtos. Este palco proporcionará ao consórcio do projeto uma oportunidade estratégica, numa montra internacional, para alavancar a futura colocação no mercado dos produtos desenvolvidos, estabelecer parcerias e sinergias, e promover os avanços tecnológicos e sustentáveis desenvolvidos no âmbito do projeto. Além disso, reforçará a posição de Portugal como um polo de inovação tecnológica e sustentabilidade, aumentando a visibilidade do país e dos copromotores envolvidos na Agenda. Em que pé está este projeto? Já há exemplos de aplicação prática? A Agenda Sustainable Plastics está já na última fase de execução. Ao longo dos últimos meses, foram desenvolvidos vários protótipos de novos produtos com menor pegada carbónica, que demonstram o potencial das soluções sustentáveis exploradas. Os participantes no PSGE 2025 vão poder ver, em primeira mão, os resultados do projeto, incluindo os protótipos, num importante momento de partilha com os 'stakeholders' do setor, nacionais e internacionais, e de promoção da inovação sustentável desenvolvida em Portugal. Do ponto de vista da APIP, a par da circularidade, quais são os principais desafios que o setor enfrenta atualmente e que medidas urge implementar? Eu diria que o principal desafio é a falta de alinhamento entre a União Europeia e o resto do mundo no que respeita à legislação relacionada com a sustentabilidade. As empresas europeias estão sob um escrutínio e uma obrigação de cumprimento de regras que não se aplicam nos outros continentes, o que faz com que percam competitividade. A regulamentação tem de estar integrada num conceito global e holístico. Não pode ser implementada apenas a nível regional e de forma avulsa. Neste contexto, é muito importante que exista um realinhamento de políticas, algo que já está a começar a acontecer.
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