BP25 - InterPLAST

23 Na sua intervenção, Gonçalo Tomé lançou o mote ao propor uma redefinição do próprio conceito de produto. “Industrializar não é apenas fabricar — é pensar toda a cadeia de valor como parte integrante da solução final: logística, manutenção, produto adjacente.” A apresentação abordou cenários de 'disrupções evolutivas', como os modelos Wall to Wall, em que a produção ocorre diretamente nas instalações do cliente, eliminando transporte e reduzindo emissões. Um exemplo concreto é o caso das plataformas navais multifuncionais, pensadas para investigação científica, vigilância costeira ou resposta a emergências, cujo desenho visa a flexibilidade de operação e o mínimo impacto ambiental. A necessidade de projetar produtos resilientes desde a origem levou o orador a recuperar a lição de Abraham Wald sobre o 'viés de sobrevivência': reforçar não os pontos onde os protótipos resistem, mas precisamente onde falham. A cultura de melhoria contínua foi outro dos temas centrais, com destaque para ferramentas como a FMEA (Failure Mode and Effects Analysis), que permitem detetar falhas potenciais em fases iniciais. “Fail to learn, learn to fail fast”, sintetizou Gonçalo Tomé. Também Paulo Correia, da Logoplaste, fabricante de embalagens plásticas rígidas, defendeu uma abordagem holística desde o início do desenvolvimento. “Cada projeto parte de um ponto diferente”, referiu, sublinhando a importância de avaliar desde logo os requisitos de circularidade e logística. Segundo o responsável, os ciclos de desenvolvimento variam entre três a dez anos e envolvem, desde cedo, metas de sustentabilidade e certificação. Uma das soluções em destaque foi a implementação de minifábricas de prototipagem, já presentes no Brasil e nos EUA, que permitem testar tecnologias emergentes em pequena escala antes de avançar para produção industrial. A empresa explora ainda conceitos de biomimetismo para conceber fábricas regenerativas — inspiradas em sistemas naturais, onde nada se perde e tudo se reintegra. João Reis, da Husqvarna, marca de origem sueca de ferramentas florestais e de jardinagem, incluindo corta-relvas e motosserras, destacou os desafios impostos por um contexto geopolítico volátil, que obriga à constante reavaliação das cadeias de abastecimento. “Hoje, não podemos depender de uma única geografia. Temos de combinar fábricas globais com unidades locais para responder às exigências

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