BP25 - InterPLAST

BIOPLÁSTICOS E COMPOSTÁVEIS 41 de recursos fósseis e minimizar os impactos ambientais associados à produção e ao fim de vida dos plásticos convencionais [2]. Segundo a European Bioplastics [3], um plástico é considerado bioplástico se for de base biológica, biodegradável ou apresentar ambas as características. Os plásticos de base biológica apresentam vantagens relativamente às versões tradicionais, dado que utilizam biomassa renovável como matéria- -prima, contribuindo para a redução da pegada de carbono. Além disso, certos tipos de bioplásticos possuem a capacidade de biodegradação, potenciando a redução da acumulação de resíduos plásticos no ambiente. Apesar de representarem uma pequena fração do mercado, a produção de bioplásticos está a crescer, com cerca de três milhões de toneladas produzidas em 2023. A inovação contínua tem vindo a melhorar as propriedades e a expandir as aplicações destes materiais, impulsionando o seu crescimento face aos plásticos convencionais. Apesar do potencial que apresentam, os biopolímeros não estão isentos de desafios, nomeadamente no que diz respeito ao comportamento no fim de vida. Em particular, os bioplásticos biodegradáveis podem, em condições inadequadas, acelerar a fragmentação do material e contribuir para a formação de microplásticos. Neste contexto, torna-se essencial reforçar o estudo da sua reciclabilidade mecânica e das condições reais de biodegradação, promovendo uma gestão responsável destes materiais. As opções de fim de vida dos bioplásticos podem ser representadas por diferentes rotas de valorização, como ilustrado na Figura 1. Este artigo foca-se em duas delas: a reciclagem mecânica e a biodegradabilidade. É neste enquadramento que se destaca a importância da reciclagem mecânica como ferramenta central para manter os bioplásticos em circulação, reduzindo o seu impacto ambiental. Apesar da crescente utilização destes materiais, a informação disponível sobre a sua compatibilidade com os processos de reciclagem existentes ainda é limitada, razão pela qual o PIEP tem vindo a investir no desenvolvimento de conhecimento e metodologias nesta área. A garantia de que os materiais são mantidos em circulação o máximo de tempo possível permite a preservação do seu valor económico. A reciclagem é um componente essencial para atingir este objetivo, bem como para assegurar uma economia circular eficiente, assente num modelo de reciclagem em ciclo fechado – sistema em que o plástico é reutilizado e reciclado repetidamente, sem comprometer a qualidade do material final [4]. A reciclagem mecânica refere-se ao processo de transformação de resíduos plásticos em matérias-primas ou produtos secundários, sem alteração significativa da estrutura polimérica base do material. A recuperação dos plásticos por via mecânica é conseguida através de processos de triagem em instalações especializadas, limpeza e moagem. Posteriormente, o material recuperado é fundido e convertido em pellets, flakes ou pós, para utilização na produção de novos produtos e componentes plásticos. Este processo é aplicável tanto a materiais pós-industriais (pré-consumo), como a resíduos plásticos pós-consumo. Para além da reciclagem direta - como o caso garrafa–garrafa reciclada - existem diversos produtos processados com plástico reciclado, nomeadamente embalagens. Exemplos destes produtos são: sacos do lixo, vasos de flores, calhas, caixas, paletes, embalagens ou tecido de poliéster para vestuário. Dados de 2022 indicam que a reciclagem mecânica pós-consumo e reciclagem mecânica pré-consumo foram responsáveis por 13,2% e 5,4% da produção europeia de plásticos, respetivamente [5], [6]. Em 2022, o conteúdo de plásticos circulares atingiu 13,5% de plásticos convertidos (dos quais 12,6% correspondem a reciclados pós-consumo e 0,9% de plásticos de matéria-prima de base biológica). A Figura 2 apresenta a distribuição da produção e conversão de plásticos na Europa, permitindo compreender melhor a representatividade dos Figura 1. Esquema adaptado do ciclo de fim de vida dos bioplásticos, com destaque para as rotas abordadas no artigo: reciclagem mecânica e biodegradabilidade. Adaptado de European Bioplastics [8].

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