O tema dos resíduos plásticos tornou-se ainda mais importante porque a quantidade de lixo está a aumentar. Isto deve-se ao aumento da população mundial e da prosperidade em muitas economias emergentes. As montanhas de resíduos estão a acumular-se, especialmente na Ásia. Também temos problemas semelhantes na Europa. Na Escandinávia, Países Baixos, Alemanha, Áustria e Suíça, a taxa de reciclagem é excelente, mas nos países mediterrânicos, por outro lado, é bastante baixa. É evidente, portanto, que o mundo dos plásticos precisa de mudar.
Este é um problema muito complexo e com múltiplos níveis. É paradoxal. Os plásticos são um material ideal para muitas aplicações. São leves, fáceis de processar, relativamente baratos e estão disponíveis em quantidades suficientes.
Devido a estes benefícios, a sua importância como material não para de aumentar. Isto é positivo. Contudo, habitualmente os plásticos não são devidamente tratados após a respetiva utilização. Ao invés de serem recolhidos, são descartados. Isto é negativo e é o verdadeiro e principal problema que temos em mãos.
Através da educação e do apelo ao sentido de responsabilidade. A legislação também é uma boa forma de o fazer. É muito importante valorizar os resíduos plásticos. Isto é algo que deve ser abordado a partir de uma perspetiva política. A melhor estratégia, neste caso, é estabelecer quotas de reciclagem para os novos produtos plásticos. Se se estabelecerem quotas, os transformadores de plásticos irão precisar de material reciclado, o que irá abrir um novo mercado. É possível que os materiais reciclados de alta qualidade custem o dobro dos produtos novos, mas duplicar o preço não implicará nenhuma diferença quando se trata de produtos plásticos, já que as suas propriedades são muito superiores às de outros materiais, como o vidro, o metal ou o papel.
Isso é certo, mas não seria um problema se houvesse leis que estipulassem que todos os produtos plásticos devem conter 30% de material reciclado. As condições prévias seriam as mesmas para todos. Talvez demoremos três anos na Europa e também na Alemanha a ter uma indústria de reciclagem completamente diferente.
A política é necessária porque os resíduos plásticos são um problema para a sociedade como um todo. Um único grupo não pode fazer muito a esse respeito. Trata-se de estar consciente de que não é possível, simplesmente, descartar o lixo.
A engenharia mecânica pode apoiar o processo de gestão sustentável dos plásticos. Enquanto fabricantes de máquinas para a transformação de plásticos, desenvolvemos processos eficientes relativamente aos recursos que permitem uma utilização reduzida dos plásticos. Um exemplo é a utilização de películas mais finas com as mesmas propriedades protetoras que as mais grossas. Também desenvolvemos máquinas que produzem produtos sem qualquer desperdício. Todos os resíduos da produção são imediatamente reciclados. Todas estas medidas se referem à produção. Quanto à utilização, a engenharia mecânica proporciona todas as tecnologias que permitem reciclar os resíduos plásticos.
A reciclabilidade deve ser tida em conta desde o início, desde a fase de conceção do produto. Atualmente, muitas vezes são incorporados vários materiais num produto sem qualquer necessidade real. Isto limita a sua capacidade de reciclagem. Alguns plásticos não são compatíveis entre si quando são reciclados. Não é garantido que seja sempre possível fabricar um produto novo e utilizável a partir de plásticos diferentes. A indústria química é um interveniente fundamental no desenvolvimento da reciclabilidade, mas, muitas vezes, também é necessário reduzir os requisitos que são impostos aos produtos plásticos. Por exemplo, as camadas de barreira estão atualmente integradas nas películas utilizadas para embalar queijo, o que prolonga a sua vida útil. As camadas de barreira são extremamente difíceis de separar e, portanto, de reciclar. Se as camadas de barreira forem reduzidas abaixo de cinco porcento, a vida útil também poderia ser reduzida, mas as películas poderiam ser recicladas muito mais facilmente. De qualquer modo, coloca-se a questão se o queijo deve ser conservado durante várias semanas ou até meses.
Os proprietários de marcas têm de estipular que determinados produtos de plástico só podem ser utilizados para determinadas aplicações. Isto já acontece hoje, mas vai demorar muito tempo a fazer com que se cumpra. De qualquer modo, não é a engenharia mecânica que coloca entraves. Além disso, os requisitos legais, muitas vezes, continuam a colocar obstáculos à utilização de material reciclado.
A incineração é uma utilização secundária bastante boa. Não há aterros no norte da Europa desde há muito tempo. Neste caso, a atenção centra-se sobretudo na incineração de resíduos. Para incinerar os resíduos, e estamos a falar de todos os resíduos domésticos não recicláveis, e ao mesmo tempo gerar energia a partir do processo de incineração, é preciso combustível. Se as temperaturas de cocção forem atingidas com plásticos usados, obtêm-se duas vantagens. Em primeiro lugar, os plásticos são utilizados pela segunda vez, incluindo, sobretudo, aqueles que não são recicláveis. Em segundo lugar, a energia procedente do processo de incineração pode ainda ser utilizada, por exemplo, para processos industriais.
A incineração também é uma opção especialmente boa, se se pretender abordar rapidamente o problema dos resíduos, por exemplo, nos países emergentes nos quais os resíduos plásticos ainda não são reciclados de todo.
Não existe uma solução perfeita, é preciso explorar vários caminhos. Precisamos de plásticos e produtos reformulados. Mas, sobretudo, as pessoas precisam de aprender a assumir responsabilidades. Têm de reconhecer que não devem descartar os plásticos, mas devem sim garantir que os reutilizam adequadamente. A educação é fundamental: através da política, na escola e na universidade. Por exemplo, são necessárias mais disciplinas para a gestão de reciclagem.
www.interplast.pt
InterPLAST - Informação profissional para a indústria de plásticos portuguesa