A crescente pressão da opinião pública, e legislativa, exercida sobre a indústria de plásticos nos últimos anos tem levado o setor a procurar soluções que sejam melhor percebidas como ‘amigas do ambiente’. Uma dessas soluções são os chamados bioplásticos. No entanto, existe alguma confusão no mercado entre o que são bioplásticos e o que são materiais biodegradáveis. Neste artigo, explicamos-lhe a diferença.
Os bioplásticos são um grupo muito extenso de materiais caracterizados pelo facto de serem de base biológica (o monómero de base é obtido a partir de plantas, por exemplo) ou biodegradáveis. Em alguns casos podem mesmo ter ambas as propriedades. É importante notar que o facto de um bioplástico ter como base um monómero obtido, por exemplo, a partir de etanol proveniente da transformação da cana de açúcar, não o torna biodegradável. De facto, um polietileno de base bio é, em tudo, idêntico ao seu equivalente de origem fóssil. Da mesma forma podemos ter bioplásticos de origem fóssil que serão biodegradáveis. Ou seja, um bioplástico não é, necessariamente, biodegradável (ver figura 1).
Figura 1. Fonte: FKuR.
Importa também definir bem o que entendemos por biodegradabilidade pois, em muitos casos, avaliamos essa propriedade pelo tempo que um determinado material perdura no ambiente, em condições naturais.
De uma forma simplista podemos considerar que a biodegradabilidade é a decomposição dos materiais, por ação de micro-organismos (bactérias ou fungos), aeróbica ou anaerobicamente, por forma a que o resíduo resultante do processo se integre na natureza de forma natural e sem qualquer dano para o ecossistema. Esta definição, no entanto, é de difícil aplicação industrial uma vez que não define um horizonte temporal para o processo de biodegradação.
Um exemplo simples desta dificuldade será a degradação de uma árvore caída. É certo que se degradará sem causar danos no ecossistema, mas, de facto, estará nesse processo durante muitos anos. Tal horizonte temporal não será aceitável numa peça de bioplástico, pois será imediatamente percebida como um poluente.
Para mitigar esta realidade, desenvolveram-se normas, as mais reconhecidas das quais são as EN 13432 na Europa e a US Standard ASTM D6400 nos EUA, para definir a compostabilidade (processo de degradação sob condições controladas de humidade e temperatura, em instalações industriais) dos materiais.
Havendo então uma gama tão grande de bioplásticos, qual a solução ambientalmente mais benéfica? A resposta depende sempre da aplicação pretendida. Fará sentido que um bem durável (por exemplo, um brinquedo ou uma peça de um automóvel) seja feito de materiais biodegradáveis? Com certeza que não. Neste caso, um bioplástico de base bio (por exemplo um bio-PE ou um bio-PET) será a escolha mais acertada pois terá a durabilidade de um plástico de origem fóssil sendo, no final da sua vida útil, reciclável como (e no mesmo canal) os seus equivalentes petroquímicos. Já no caso, por exemplo de bolas de golf, que muitas vezes se perdem nos campos e nos lagos, uma solução solúvel em água como um PVOH será sempre algo a considerar. A escolha do biopolímero correto deverá sempre ter em conta um estudo de ciclo de vida (Life Cycle Assessment - LCA) para garantir a sustentabilidade da solução.
Figura 2. Fonte: FKuR.
A FKuR, empresa alemã pioneira no desenvolvimento de plásticos baseados em matérias-primas renováveis, utiliza o Ciclo Infinito dos Bioplásticos (figura 2) como guia para uma utilização cada vez mais responsável dos recursos finitos.
O conceito baseia-se na ideia de que, na natureza, tudo é renovável. Seguindo esta abordagem, a FKuR desenvolveu diversos bioplásticos que, dependendo da sua composição, podem ser ou reciclados ou compostados industrialmente e transformados em fertilizante para as culturas que estão no início do ciclo.
Os recicláveis podem ser recolhidos juntamente com os plásticos derivados do petróleo através de sistemas de reciclagem estabelecidos. O reciclado é então devolvido ao ciclo do material, tantas vezes quanto possível, até que os produtos fabricados tenham de ser finalmente utilizados para recuperação energética. Desta forma, é possível obter energia a partir de plásticos de base biológica que não produzem CO2 adicional - um ciclo fechado de CO2, de acordo com o modelo da natureza.
Já no caso dos biodegradáveis e compostáveis, o destino em final de vida é a reciclagem orgânica. Isto é particularmente eficiente quando os plásticos estão contaminados com alimentos. O uso, por exemplo, de sacos compostáveis para eliminação de resíduos orgânicos é uma forma simples e higiénica de assegurar que apenas os resíduos menos valiosos sejam eliminados através do caixote do lixo. Além disso, desde que esteja estabelecido um circuito de recolha seletiva e processamento de compostáveis, o produto final pode ser utilizado como fertilizante, por exemplo para as culturas que se encontram no início deste ciclo.
O uso de sacos compostáveis para eliminação de resíduos orgânicos é uma forma simples e higiénica de assegurar que apenas os resíduos menos valiosos sejam eliminados através do caixote do lixo. Foto: FKuR.
Oito ideias simples para a sustentabilidade do seu produto
A World Commission of Environment and Development definiu, em 1987, o termo ‘Sustentabilidade’ como sendo: “O desenvolvimento que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de responder às suas”. À luz deste conceito, a FKuR definiu um conjunto de regras que deverão ser seguidas para que um produto seja considerado sustentável:
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