É um dos desafios mais urgentes do nosso tempo: todos os anos, 8 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos de todo o mundo[1]. Grande parte do plástico é incinerada e apenas 14% se recicla. Isto implica uma perda económica de 80 000 milhões de dólares anuais. Ao mesmo tempo, produzem-se continuamente novos plásticos a partir do petróleo, o que é associado a elevadas emissões de CO2. Esta utilização representa já 6% da produção mundial de petróleo, sendo previsível que aumente até 20% em 2050[2].
Com a Solução Hidrotérmica Para a Reciclagem de Plásticos é lançada uma tecnologia inovadora que permitirá estabelecer uma economia circular sustentável para os plásticos. A HydroPRS tem a capacidade de reciclar todos os tipos de plástico e evitar que estes resíduos sejam incinerados ou depositados em aterros e contaminem o ambiente. Calcula-se que cada tonelada de plástico processada através deste método poderá poupar 1,5 toneladas de CO2 em comparação com a incineração. Para converter os resíduos de plástico em valiosos produtos químicos e petróleo, a HydroPRS utiliza a tecnologia do reator hidrotérmico catalítico (Cat-HTR) desenvolvida pela Licella Holdings Limited, utilizando água, calor e pressão. Este método é especialmente interessante quando a reciclagem mecânica não teve sucesso até agora, por exemplo, com plásticos misturados e contaminados.
Este potencial suscitou grande interesse à especialista em plásticos para movimento, que no ano passado investiu numa empresa que planeia pôr em funcionamento a primeira unidade comercial de HydroPRS em 2022. A Igus aumentou o seu investimento na Mura Technology até um total de 5 milhões de euros. “Estamos conscientes das grandes possibilidades que o plástico tem. Os nossos plásticos tribotimizados são utilizados milhões de vezes em aplicações móveis em todo o mundo, onde reduzem o peso, a manutenção e a lubrificação”, afirma Frank Blase, diretor-geral da Igus. “Estamos a contribuir para que o plástico seja um material que não prejudique o nosso planeta e, inversamente, possa ajudar, através de uma reciclagem de quase 100%”. A reciclagem mecânica é um passo importante neste sentido. Por exemplo, a Igus, há mais de 50 anos que volta a transformar em grânulos 99% dos resíduos de plástico que gera na sua produção.
No final de 2019, a Igus também iniciou o programa “chainge”. Consiste no facto de a Igus recuperar as calhas porta-cabos no final da vida útil de uma máquina e, independentemente do fabricante, entregar um vale ao utilizador, voltar a transformar o plástico em grânulos e voltar a processá-lo. “No futuro, será possível tirar partido das vantagens da reciclagem química naquelas situações em que a reciclagem convencional não pode ser utilizada. Este é o motivo pelo qual apoiamos a Mura nesta fase inicial, para ajudar a que esta tecnologia inovadora consiga um avanço significativo a nível mundial”.
Para aumentar a expansão do projeto, a Mura Technology acaba de nomear a KBR como parceiro com licença exclusiva. A KBR conta com mais de 28 000 funcionários e está presente em mais de 80 países como planificadora, fornecedora de engenharia de unidades de produção e operadora de refinarias e fábricas químicas, entre outras coisas. “Sabíamos que, como empresa emergente, tínhamos desenvolvido uma tecnologia muito inovadora e promissora”, assinala Oliver Borek, diretor-geral para a Europa da Mura Technology. “No entanto, também tínhamos consciência de que nunca seríamos capazes de a difundir em grande escala por nossa conta. Graças ao investimento da Igus nesta fase crucial, assim como ao estabelecimento e ampliação de outras colaborações empresariais, temos agora esta oportunidade”.
A construção da primeira unidade de produção HydroPRS da Mura na zona industrial britânica de Wilton International já começou, e espera-se que esteja operacional na segunda metade de 2022. No total, serão construídos quatro reatores hidrotérmicos catalíticos para processar mais de 80 000 toneladas de resíduos plásticos por ano. Além disso, estão previstas outras unidades de produção na Alemanha, nos Estados Unidos e na Ásia.
[2] The Ellen McArthur Foundation, the New Plastics Economy: Catalysing Action, 2017
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