Nicolas Loupy, diretor geral da Dassault Systèmes para Portugal e Espanha
06/07/2021Como empresa que cria universos virtuais e digitais, ao longo do último ano assistimos a um aumento acelerado da procura por parte dos clientes de soluções que lhes permitam enfrentar as metas ambientais estabelecidas pelos governos. Não como um requisito para cumprir a legislação atual, mas como um imperativo para enfrentar a situação e oferecer novas soluções que já são solicitadas pelos seus clientes.
Neste caso, a tecnologia 3D é uma ferramenta poderosa que ajuda a reduzir o consumo de energia, o consumo de água, as emissões de carbono e que potencia a criação de produtos com baixo teor de materiais plásticos. Através da implementação de universos virtuais, podem ser criados produtos, materiais e processos radicalmente novos que são necessários para criar um ambiente mais sustentável para várias indústrias.
Um dado surpreendente: de acordo com a ONU, a cada minuto são compradas um milhão de garrafas de plástico e, todos os anos, são utilizados 500 mil milhões de sacos de plástico. Além disso, menos de 20% dos resíduos plásticos de utilização única são reciclados e as embalagens descartadas acabam nas nossas cidades e oceanos, criando uma grande crise ambiental. Dada a gravidade da situação, a Comissão Europeia advertiu recentemente que a UE deve tomar medidas urgentes antipoluição para enfrentar este problema. Por conseguinte, os fabricantes deste tipo de produtos têm um grande desafio à sua frente.
Para desenvolver materiais inovadores que sejam amigos do consumidor, ambientalmente sustentáveis e rentáveis para as empresas, podem ser incorporadas ferramentas de desenho e simulação em 3D baseadas na nuvem para conceber embalagens resistentes, leves e sustentáveis que ajudem a reduzir a pegada de carbono. A incorporação deste tipo de tecnologia nos processos de conceção de novos produtos permite, por um lado, experimentar novos polímeros ou alternativas plásticas, simular o desempenho de embalagens biodegradáveis ou conceber embalagens mais leves e, por outro lado, reduzir os custos de transporte, eliminar a necessidade de criar protótipos físicos e expandir rapidamente o fabrico.
Em última análise, as capacidades tecnológicas deste tipo de soluções oferecem a possibilidade de simular e testar projetos de embalagens antes da produção e reduzir os custos de infraestruturas nas instalações.
O investimento em tecnologia 3D deve ser visto e concebido como uma estratégia-chave a longo prazo para as empresas colherem benefícios não só a nível empresarial, mas também com os seus investidores e a sociedade em geral. Tal como os consumidores devem reduzir, reutilizar e reciclar os seus plásticos, as empresas devem repensar, reduzir e reinventar o design das suas embalagens ecológicas.
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