A Folhadela Rebelo é uma das principais fornecedoras de equipamentos para a indústria de plásticos nacional. Em entrevista à InterPlast, realizada no âmbito do primeiro estudo de mercado de máquinas de injeção, Manuel Folhadela, sócio-gerente da empresa, explicou-nos como vê a atual situação do setor e apontou o dedo à falta de investimento europeu na indústria.
2020 foi, sem dúvida um ano difícil em termos de tesouraria. No entanto, acabámos por atingir os nossos objetivos, apesar dos dois meses em que estivemos quase parados. 2021 continuou a ser um ano instável, não só por causa da pandemia, mas também pelas dificuldades no setor automóvel, muito afetado pela falta de chips e de semicondutores. Ainda assim, foi um ano melhor que o anterior. Vendemos mais, ainda que com margens menores.
Sim, os resultados positivos que as empresas conseguiram em 2021 acabaram por se diluir um pouco na subida dos juros e no aumento generalizado dos custos com matérias-primas, energia e transportes. A isso acresce a falta de apoio da União Europeia. Os incentivos atuais estão muito focados nos investimentos públicos e não na indústria. Isso não cria riqueza nem movimenta a economia.
Mas, acima de tudo, acho que, neste momento, o principal problema é a instabilidade na indústria automóvel, causada pela falta de semicondutores. E isto é, mais uma vez, resultado da falta de investimento na indústria europeia a que assistimos nos últimos anos. Dar o know-how e a riqueza toda à China foi uma asneira. Como já alguém escreveu, a Europa, neste momento, nem sequer tem capacidade para produzir uma bola de futebol.
A guerra está a influenciar bastante o setor dos transportes. Assistimos a uma grande instabilidade no serviço, com as transportadoras a não conseguirem assegurar prazos de entrega, e nos preços. De tal forma, que só podemos marcar o preço final de um equipamento depois de sabermos quais são os custos de transporte. Estamos a falar de variações que vão dos 15 aos 30%.
Há outro problema: o revés da pandemia na China. Quando se fecha Xangai um mês inteiro, a economia global treme. O mercado chinês é muito importante, tanto para quem vende como para quem compra.
Uma empresa como a nossa, que não produz equipamentos, apenas os comercializa, não tem muita margem de manobra. Para fazer face aos atuais desafios, temos tentado apostar no serviço que prestamos ao cliente
É difícil responder a essa pergunta. Até ver, o nosso ano está a correr bem, mas é difícil saber como vão ser os próximos meses. Portugal trabalha muito com a Alemanha que, durante muitos anos, apostou muito nos países de Leste, como a Polónia e a República Checa, que agora estão a ser muito afetados pela guerra.
Este ano, a expectativa é superior ao normal. Não só porque é a primeira K depois do início da pandemia, como pelos fatores de incerteza como o reavivamento da pandemia nos países asiáticos e a própria guerra. A K vive muito dos visitantes asiáticos e americanos. Se eles não puderem ir, a feira será, necessariamente, mais fraca que o habitual.
No que respeita à KraussMaffei, ainda não podemos revelar pormenores, mas sabemos que vai haver novidades em praticamente todos os segmentos. A marca vai continuar a apostar nas máquinas elétricas, nas máquinas mais compactas, bem como em equipamentos mais estandardizados, com menores custos, mas também nas máquinas feitas à medida de cada projeto.
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