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Informação profissional para a indústria de plásticos portuguesa

PPWR: o futuro das embalagens decide-se hoje

Ana Pires, doutorada em Engenharia do Ambiente, CEO da Dimera20/05/2025

Nem todas as embalagens têm um final feliz. Enquanto investigadora, estudei o comportamento de reciclagem, para compreender quais os fatores que levavam os cidadãos a separar as suas embalagens para reciclar, enquanto outros não. Em 2004, a taxa de reciclagem de embalagens de plástico e de metal era muito baixa – apenas 11%. Parte da explicação devia-se a fatores demográficos como o género, a dimensão familiar e a ocupação, bem como a fatores sociais, como o nível de sensibilização ambiental e o tipo de sistema (ecopontos ou recolha porta a porta).

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Além disso, acompanhei de perto o fim de vida das embalagens, estudando diversos sistemas de recolha seletiva, estações de triagem e processos de reciclagem. Uma experiência que me marcou foi passar várias semanas a observar o funcionamento das estações de triagem e a caracterizar os resíduos provenientes do ecoponto amarelo. O que vi não foi animador: cerca de 13% das embalagens acabavam em aterro. Não porque fossem mal geridas, mas porque, simplesmente, não podiam ser recicladas. Nessa altura, apenas os materiais PET, PEAD e PEBD podiam ser reciclados em Portugal.

Mesmo com a entrada em funcionamento da reciclagem de plásticos mistos, em 2007, que permitiu dar resposta a diversas embalagens compósitas e de PP, a reciclagem de embalagens continuava a ser uma dificuldade. Parte dos problemas de reciclagem começavam logo na sua conceção. Erros tão simples como garrafas de PET com tampa metálica, ou rótulos de PVC em garrafas de PET, inviabilizam a sua reciclabilidade, pois afetavam negativamente todo o processo. Ainda hoje, são frequentes os erros de conceção que inviabilizam a reciclagem das embalagens. A dificuldade em serem separadas nas estações de triagem, ou o facto de dependerem da ação do cidadão para separar componentes da embalagem que inviabilizam a sua reciclagem, são alguns desses exemplos.

Vários instrumentos de política têm sido utilizados para promover a conceção ecológica (ou ecodesign) das embalagens, como os instrumentos legais e os instrumentos económicos. A introdução da taxa sobre os sacos de plástico em Portugal ajudou a reduzir drasticamente o consumo destas embalagens de serviço, introduzindo-se no mercado sacos mais duráveis. Prova de que, quando o setor reage a tempo, a mudança é possível — e traz resultados.

Hoje, com a chegada do novo regulamento europeu de embalagens e resíduos de embalagens (RERE, em inglês PPWR), estamos novamente perante um desses momentos-chave.

Ana Pires, doutorada em Engenharia do Ambiente, CEO da Dimera
Ana Pires, doutorada em Engenharia do Ambiente, CEO da Dimera

O RERE vai muito além de exigir mais reciclagem. Este impõe uma nova lógica: conceber melhor, gerir melhor, reduzir desde a origem. E para quem produz ou recicla embalagens de plástico, este é o momento de agir. A quantidade de resíduos de embalagens tem de ser menor; todas as embalagens têm de ser recicláveis até 2030; deverão conter material reciclado e deverão existir soluções de reutilização.

Não se trata apenas de cumprir legislação. Trata-se de repensar o futuro do próprio negócio. De tornar as embalagens realmente circulares, pensadas para serem reutilizadas e recicladas com eficiência — não apenas na teoria, mas na prática e com base na tecnologia existente em cada país. Os fabricantes terão de acompanhar os desenvolvimentos dos critérios Design for Recycling, a serem publicados pela CEN. Os recicladores terão de garantir a qualidade do seu material reciclado para que possa ser novamente utilizado em embalagens. Por sua vez, quem concebe as embalagens terá de saber utilizar o material reciclado, numa lógica de Design from Recycling. Neste contexto, a utilização de material reciclado para contacto alimentar é um dos mais desafiantes. As autoridades terão de garantir que a circularidade dos materiais é segura para o ambiente e para a saúde humana.

O RERE também impõe a redução de substâncias que suscitam elevada preocupação, como o BPA e osPFAS. Estas substâncias têm efeitos para a saúde e para o ambiente graves, pois podem causar danos no sistema hormonal, doenças crónica e cancro.

Enquanto muitos veem neste regulamento uma ameaça ao seu modelo de negócio atual, quem trabalha há anos no setor sabe: há aqui uma oportunidade única para as empresas se diferenciarem positivamente. Adaptar-se agora, com estratégias bem fundamentadas, pode significar uma vantagem competitiva sustentável (em todos os sentidos da palavra).

Mas atenção: o tempo é curto. A janela para inovar de modo planeado está a fechar-se rapidamente — e quem ficar parado à espera da obrigatoriedade legal pode ver-se em desvantagem quando a concorrência já tiver dado o salto.

Felizmente, não estamos sozinhos nesta jornada. Há uma comunidade crescente de profissionais, investigadores e empresas que já abraçaram o desafio e partilham boas práticas, casos de sucesso e soluções inovadoras. Partilhar conhecimento e experiência não só é fundamental — é uma das maiores armas que temos para acelerar esta mudança com responsabilidade e eficácia.

A oportunidade é agora.

Quem apostar já em inovação e adaptação inteligente vai liderar esta nova era. Quem esperar, corre o risco de chegar tarde demais.

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