A inteligência artificial está prestes a dar um novo salto evolutivo. Segundo a GlobalData, a Agentic AI – uma geração de sistemas capazes de atuar de forma autónoma – promete transformar a eficiência das empresas, reduzir custos e elevar a experiência do cliente. Com a capacidade de comunicar e colaborar, os chamados AI agents estão a ser desenvolvidos para uma ampla gama de finalidades: desde o consumo individual até à indústria, passando por ambientes científicos e hospitalares.
Em setores complexos, como fábricas ou unidades de saúde, é expectável que múltiplos agentes de inteligência artificial (IA) sejam orquestrados para diferentes funções, trabalhando em conjunto. A consultora defende que esta tecnologia terá um papel central na transição digital das empresas para arquiteturas 'AI-native', ou seja, sistemas concebidos desde raiz para integrar inteligência artificial em todos os processos.
O que é a Agentic AI
A GlobalData define Agentic AI como sistemas de inteligência artificial avançados, capazes de tomar decisões e executar ações com pouca ou nenhuma supervisão humana. Na prática, um agente de IA é um programa que interage com o seu ambiente, recolhe dados e utiliza essa informação para executar tarefas, responder a perguntas ou automatizar processos.
O mais recente relatório Strategic Intelligence: Agentic AI descreve um ecossistema em rápida expansão. Nele surgem empresas de software que fornecem estruturas, plataformas e ferramentas específicas para o desenvolvimento destes agentes. A lista inclui desde startups e integradores de sistemas até gigantes tecnológicas. Para organizações sem capacidade de desenvolver os seus próprios agentes, já existem pacotes prontos para utilização em áreas tão diversas como análise de resultados financeiros, geração de guiões de vídeo ou construção de perfis de clientes.
O entusiasmo e o ceticismo
Isabel Al-Dhahir, analista principal da GlobalData, destaca a velocidade com que este mercado cresce, mas sublinha os desafios que permanecem: “O ecossistema da Agentic AI está a expandir-se rapidamente. No entanto, a adoção empresarial exigirá confiança de que estas ferramentas conseguem gerar valor de negócio comprovado, algo que ainda é recebido com ceticismo”.
A especialista acrescenta que a autonomia acrescida e a abordagem metódica ao raciocínio, à resolução de problemas e à tomada de decisão distinguem esta nova geração de ferramentas das versões anteriores de IA generativa. O próximo passo, defende, passa por criar agentes preparados para casos de uso práticos e de elevado valor.
O papel no DevOps e além
Outro campo de aplicação em destaque é o chamado Agentic DevOps, que procura ir além da automação tradicional conseguida com a Robotic Process Automation (RPA). A integração de agentes de IA autónomos em práticas DevOps – como assistência no desenvolvimento de código ou otimização de processos CI/CD (continuous integration/continuous delivery) – pode reforçar a resiliência operacional e acelerar a entrega de software.
Contudo, a GlobalData alerta para a necessidade de cautela. Problemas como as “alucinações” dos modelos de base ou as dificuldades em migrar software stacks existentes para arquiteturas nativas de IA podem atrasar a adoção.
William Rojas, diretor de investigação da GlobalData, reforça: “nem todos os projetos de Agentic AI terão sucesso. Muitos falharão enquanto os programadores desenvolvem boas práticas de design, construção, testes e validação destes sistemas. Mas, a prazo, as empresas procurarão transformar a sua infraestrutura numa arquitetura AI-native, e os agentes terão um papel crítico nessa transição”.
Desafios da integração
A grande barreira, sublinha Rojas, será a integração com os processos já existentes: “claramente, levará tempo até que as organizações adotem plenamente a Agentic AI. No entanto, ela ocupará um papel central na transformação das arquiteturas empresariais para um modelo nativo de IA”.
Num momento em que a corrida pela digitalização empresarial continua a acelerar, a Agentic AI surge como uma promessa de maior eficiência, flexibilidade e inovação. Mas, para que a sua adoção seja massiva, será necessário não só ultrapassar os desafios técnicos como também garantir que esta nova geração de inteligência artificial demonstra, de forma inequívoca, o seu valor no terreno.
www.interplast.pt
InterPLAST - Informação profissional para a indústria de plásticos portuguesa