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4 Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti www.interplast.pt Preço de cada exemplar 10 € (IVA incl.) Assinatura anual 40 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127297 Déposito Legal 455414/19 Distribuição total +2.000 envios. Distribuição digital a +1.300 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Número 14 – Setembro de 2022 Estatuto Editorial disponível em https://www.interplast.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterPLAST adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 5 EDITORIAL 5 OBRIGADA, PLÁSTICO 10 Plásticos na indústria automóvel: elétricos exigem novos aditivos 42 Moldação Híbrida na produção de produtos de valor acrescentado 44 Novos aditivos ignífugos e técnicas de caracterização aplicadas ao setor da construção e da mobilidade 48 Vantagens dos compósitos para o setor dos transportes 52 Compósitos & Sustentabilidade: um desafio que atravessa diferentes setores 54 Logística nos setores dos moldes e plásticos: tecnologia, inovação e sustentabilidade 58 A saliva da traça-da-cera contém enzimas capazes de degradar o plástico 63 Nova tecnologia da Kreyenborg elimina odores dos plásticos pós-consumo contaminados 65 Radiografia da indústria do plástico 2022 (1.ª parte) 14 K 2022: saiba o que vai poder ver em 175.000 m2 de inovação para a indústria de plásticos 20 Economia circular: a digitalização marca a diferença 26 Inovação na injeção de embalagens de paredes finas em rPET 28 FEIRA K 2022 Entrevista com José Couto, presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) 34 Três pontos-chave para a digitalização da indústria transformadora 40

5 Consórcio Sustainable Plastics recebe apoio do PRR para promover a economia circular dos plásticos Foi aprovado pela Comissão de Coordenação das Agendas o projeto apresentado pelo Consórcio Sustainable Plastics, liderado pela Logoplaste Innovation Lab e pela Associação Portuguesa da Indústria dos Plásticos (APIP), que tem como objetivo promover a transição verde da indústria dos plásticos para a economia circular. O projeto Sustainable Plastics pretende ser a Agenda Mobilizadora para os Plásticos Sustentáveis em Portugal, capaz de alavancar a transição do setor para uma economia verdadeiramente circular. Surge de uma iniciativa da APIP, liderada pela Logoplaste Innovation Lab, e pretende mobilizar o setor privado, as autoridades nacionais, as universidades e os cidadãos, contribuindo para os objetivos da economia circular europeia. A iniciativa assenta sobre três pilares: Redução de emissões de gases com efeito de estufa (GHG); Maior eficiência de recursos; Criação de emprego. O Consórcio reúne 39 empresas e 10 entidades não empresariais do Sistema Científico e Tecnológico, tendo como objetivo cobrir todos os segmentos e subsetores da indústria dos plásticos e responder aos principais desafios enfrentados pelos agentes desta nova cadeia alargada de valor. Foram assim selecionadas organizações que, beneficiando de capacidades e competências técnicas, organizacionais e tecnológicas, permitem responder às ambiciosas metas e objetivos de transição do setor para a economia circular, contribuindo também para um Portugal mais dinâmico, exportador e altamente qualificado. Atualidade EDITORIAL A indústria automóvel atravessa talvez a maior revolução da sua história. A urgência na diminuição das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera é incontestável, mas as alternativas acarretam novos problemas, nomeadamente no que respeita ao aumento do peso total dos veículos com bateria. Durante a conferência de imprensa prévia à K 2022, Thomas Franken, da Messe Düsseldorf, referiu os efeitos desse aumento, por exemplo, nos pneus, que estarão sujeitos a maior pressão e mais desgaste, podendo aumentar para o dobro a quantidade de borracha que ‘escapa’ para o ambiente. A indústria de plásticos pode contribuir para resolver este problema, encontrando novas formas de construção leve e de substituição de peças metálicas. De qualquer forma, em entrevista à InterPlast, José Couto, presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, considera que a eletrificação dos veículos “é um processo imparável”. Na sua opinião, as empresas portuguesas estão prontas para responder a quaisquer desafios que esta mudança acarrete, mas enfrentam entraves como a falta de infraestruturas, a nossa distância das fábricas de baterias e um certo atraso na digitalização de processos. “Hoje, temos de estar preparados para implementar a digitalização nas empresas porque os nossos clientes vão exigir-nos isso”, garante José Couto, aconselhando as empresas a estar atentas aos incentivos do Portugal 2030 que contemplam esta área. Leia a entrevista completa na página 34. Mas, afinal, o que é a digitalização? Basicamente, é o processo de integração de ferramentas digitais que conectam todos os equipamentos e áreas da empresa (do chão de fábrica à gestão), com vista à automatização de fluxos de trabalho e à otimização de processos de produção. No caso da indústria de plásticos, a digitalização assume uma outra dimensão, pois é essencial para a economia circular. Porquê? Porque é a única forma de conseguirmos rastear os materiais ao longo de toda a cadeia de valor. Nesse sentido, estão a decorrer na Europa alguns projetos que poderão, a médio prazo, contribuir para aumentar as taxas de reciclagem e, mais importante, conseguir reciclado de alta qualidade. É importante que os transformadores estejam atentos e se preparem para implementar ferramentas digitais de apoio ao processo. Nesta edição, vários artigos abordam este tema. Esta será também uma temática em grande destaque na K 2022, que este ano celebra o seu 70º aniversário. Mais uma vez, a principal feira de plásticos e borracha tem o espaço completo e promete apresentar soluções inovadoras para ajudar as empresas a otimizar processos e a baixar custos, já que esta é a única forma de compensar a atual instabilidade dos mercados. Neste número, condensamos algumas das novidades que vai poder ver em Düsseldorf, de 19 a 26 de outubro. Até lá, boa leitura! A indústria automóvel está a mudar e os plásticos desempenham um papel fundamental no processo

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Intraplás participa em projeto-piloto de rastreabilidade digital de matéria-prima circular A Intraplás faz parte de um projeto-piloto lançado pela Sabic para investigar as possibilidades da tecnologia ‘blockchain’ no apoio à rastreabilidade digital de ponta a ponta da matéria-prima circular Trucircle. O projeto envolve também a empresa tecnológica Finboot e a pioneira em reciclagem Plastic Energy. O rastreio do percurso da matéria-prima através da complexa cadeia de valor no setor petroquímico é uma tarefa difícil. Para melhorar este processo e apoiar a entrega da sua matéria-prima circular aos clientes, a Sabic lançou um projeto-piloto que pretende demonstrar a viabilidade da utilização de uma aplicação informática baseada em ‘blockchain’ e em cadeias de valor. A Intraplás faz parte do processo ao utilizar o material para fabricar as suas embalagens. Este é o primeiro projeto da indústria que tem como objetivo rastrear o produto desde a produção de matéria-prima até à transformação, indo mais longe do que as anteriores aplicações industriais do mesmo género. A plataforma oferece custos reduzidos e melhor integração de dados para todos os parceiros da cadeia de valor. Outro dos principais benefícios da tecnologia ‘blockchain’ na entrega de soluções mais sustentáveis reside na sua capacidade de validar pontos de prova de sustentabilidade e credenciais ESG das organizações. Isto é benéfico para todos os membros da cadeia de valor, incluindo partes externas, uma vez que reduz os esforços administrativos associados ao processo de certificação de materiais. É também um processo mais fiável, devido à redução do risco de erro humano. A Intraplás utiliza o material certificado Trucircle, da Sabic, para fabricar embalagens para a indústria alimentar. Projeto europeu tem 3 milhões de euros para tornar indústrias mais sustentáveis SoTecIn Factory é financiado pelo Programa Horizonte Europa da Comissão Europeia. Contribuir para o desenvolvimento de uma indústria mais sustentável e resiliente é o objetivo do projeto 'SoTecIn Factory – Social and Technological innovation Factory for low carbon and circular industrial value chains'. Liderado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), este projeto europeu tem 3,3 milhões de euros para apoiar inovações sociais que potenciem a circularidade das cadeias de valor e a redução da pegada de carbono da indústria. O projeto arrancou em junho deste ano e contribui para a implementação do Plano de Ação da Economia Circular da União Europeia, estimulando a criação de novas soluções com impacto social e ambiental nas áreas da eletrónica e tecnologias de informação e comunicação; baterias e veículos; embalagens; plásticos; têxteis; construção e edifícios; alimentos, água e nutrientes. Ao longo de 36 meses, irá unir os vários setores da indústria, por meio de vários mashups e workshops e identificar os seus desafios, numa área geográfica que inclui mais de 20 países da Europa. Em 2023 e 2024, serão lançadas duas open calls para inovadores sociais como objetivo de dar resposta às necessidades encontradas.

7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Máquinas de injeção do fabricante chinês LK chegam à Europa A empresa alemã Bexte Kunststoff-Technik (BKT) assinou um acordo com a LK IMM Europe (Itália) para passar a distribuir na Alemanha as máquinas de injeção da chinesa LK Machinery. A BKT assume também a responsabilidade pelo aconselhamento técnico, formação, manutenção e fornecimento de peças sobressalentes. O acordo inclui máquinas servo-hidráulicas com fecho por joelheira (80 a 1.000 toneladas), totalmente elétricas (100 a 680 toneladas) e modelos de alta velocidade (2.000 a 400 toneladas). A gama contempla também sistemas bi-componente e multi-componente. A LK Machinery emprega cerca de 4.000 pessoas em seis fábricas na China, Taiwan e Itália (IDRA S.r.l.). Modelo Potenza da gama de máquinas de injeção LK. Produção de filmes BOPP atinge números recorde A AMI publicou em junho o seu relatório ‘BOPP Films - the Global Market 2022’. A procura de filmes BOPP disparou em 2020, no maior aumento anual desde 2014, de acordo com os dados históricos da AMI. Esta elevada procura foi causada pela importância renovada dos filmes de embalagem para a proteção e higiene alimentar, superando temporariamente o sentimento anti-plástico nos mercados. Além disso, a pandemia de Covid-19 acelerou a tendência de crescimento do comércio eletrónico, que requer um aumento da produção de produtos como cintas, tipicamente fabricadas a partir de BOPP. A AMI prevê um avanço contínuo na procura de filmes BOPP até 2026, com um crescimento global de cerca de 4,1% por ano, com diferenças acentuadas no crescimento entre regiões. No relatório, cada região é examinada separadamente para compreender os vários fatores que impulsionam o mercado por detrás da sua oferta, procura e potencial. VinylPlus ultrapassa as 810 mil toneladas de reciclagem de PVC OVinylPlus anunciou os resultados do primeiro ano do seu Compromisso de 2030 no 10º Fórumde Sustentabilidade VinylPlus (#VSF2022). Transmitido emdireto a partir de Bruxelas, o evento reuniu cerca de 500 participantes de 40 países. Sob o lema 'Embracing EUGreenDeal Ambitions', foramdiscutidas as perspetivas e cenários gerados pelo atual panorama político da UE e o seu impacto na indústria do plástico e do PVC. Brigitte Dero, CEO do VinylPlus, afirmou: "Com o nosso Compromisso 2030, pretendemos contribuir para a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável da ONU em 2030, com particular ênfase no consumo e produção sustentáveis, nas alterações climáticas e nas parcerias. Isto está em plena consonância com as políticas relevantes da UE ao abrigo do Pacto Verde Europeu, tais como o Plano de Ação da Economia Circular da UE e a Estratégia da UE sobre Substâncias Químicas para a Sustentabilidade". Apesar das difíceis condições económicas do ano passado, sob a alçada do VinylPlus foram recicladas 810.775 toneladas de resíduos de PVC, posteriormente utilizadas em novos produtos, o que representa cerca de 26,9% do total de resíduos de PVC gerados em 2021 na UE-27, Noruega, Suíça e Reino Unido. A taxa de reciclagem do VinylPlus está acima da taxa de reciclagem de 23,1% estimada pela AMI Consulting para a reciclagem global de plásticos na Europa em 2021.

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Novo projeto da Aimplas utiliza insetos para degradar embalagens multicamada As embalagens multicamada ou multimateriais estão muito presentes na nossa vida quotidiana. As estruturas de várias camadas de plástico são utilizadas pelas propriedades únicas que proporcionam, tais como selagem, estabilidade estrutural e térmica, capacidade de impressão e impermeabilidade. São soluções leves, económicas e de fácil transporte, além de garantirem a segurança alimentar e evitarem o desperdício. No âmbito do projeto Entomoplast, financiado pelo organismo espanhol Agência Valenciana para a Inovação (AVI), a Aimplas está a investigar a utilização de microbiomas de diferentes insetos como ferramenta para a recuperação de resíduos plásticos destas embalagens multicamada. O objetivo é obter bioprodutos com elevado valor acrescentado para a indústria dos plásticos. Em concreto, a Aimplas está a investigar a utilização dos insetos Locusta migratoria, Pachnoda butana, Plodia interpunctella e Galleria mellonella para acelerar a biodegradação do polietileno (PE), polietileno tereftalato-poliéster (PET) e poliuretano (PU) a partir de resíduos de embalagens atualmente destinados a incineração ou aterro devido aos elevados custos envolvidos na sua reciclagem. Vendas de robôs e cobots aumentam na Europa, Ásia e América As vendas de robôs industriais registaram uma forte recuperação: um recorde de 486.800 unidades em todo o mundo, um aumento de 27% em relação ao ano anterior. A região Ásia-Austrália registou o crescimento mais forte da procura, com instalações a aumentar 33%, alcançando 354.500 unidades. Em segundo lugar está a Europa, que cresceu 15% com 78.000 unidades instaladas, e a América que aumentou 27%, com 49.400 unidades vendidas, segundo os resultados preliminares de 2021 divulgados pela Federação Internacional de Robótica (IFR, sigla em inglês). Em 2021, o principal motor de crescimento foi a indústria eletrónica (132.000 instalações, +21%), que ultrapassou a indústria automóvel (109.000 instalações, +37%) como o maior cliente de robôs industriais já em 2020. Segue-se o metal e a maquinaria (57.000 instalações, +38%), à frente dos plásticos e produtos químicos (22.500 instalações, +21%) e alimentos e bebidas (15.300 instalações, +24%). O projeto está a desenvolver solução inovadora e rentável para a reciclagem de embalagens multicamada, que evita a incineração ou o depósito em aterro.

9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Repsol aposta em Sines para instalar indústria descarbonizada e circular A aicep Global Parques e a Repsol Polímeros celebraram, em julho, um contrato de expansão do Complexo Petroquímico de Sines, que potencia um aumento do investimento em curso de 760 para 1.360 milhões de euros. O acordo prevê a construção de duas novas fábricas da Repsol Polímeros em Sines, no montante de 760M€. Uma fábrica de polietileno e outra de polipropileno, que a partir do segundo semestre de 2025 irão fornecer em proximidade, segurança e preço os mais relevantes clusters da indústria exportadora nacional, dos componentes automóveis aos dispositivos médicos, passando pela embalagem. O impacto direto esperado destas duas fábricas na balança comercial nacional ascende a 1.000M€, ao substituir 400M€ de importações, promover 200M€ de atividade industrial adicional e 400M€ de exportações. Universidade de Coimbra integra consórcio europeu para desenvolver materiais recicláveis inovadores O Centro de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), via LaserLab Coimbra, é um dos principais parceiros do projeto científico europeu ReMade@ARI, que acaba se ser lançado e que visa desenvolver materiais recicláveis inovadores para componentes-chave em áreas diversas, a um nível sem precedentes. Com um orçamento global de 13,8 milhões de euros, o projeto, que reúne 40 parceiros, é financiado pela União Europeia (UE) e liderado pelo centro alemão Helmholtz-Zentrum Dresden-Rossendorf (HZDR). Segundo o consórcio, o ReMade@ARI visa “alavancar o desenvolvimento de materiais inovadores e sustentáveis para componentes-chave nos mais diversos setores, como o de materiais eletrónicos, baterias, veículos, construção, embalagens, plásticos, têxteis e alimentos”. A plataforma ReMade@ARI será o “hub” central para todos os setores e áreas de investigação. Qualquer cientista com ligações quer à academia quer à indústria, que trabalhe em novos materiais recicláveis, pode entrar em contacto com o consórcio. Será dada especial atenção aos cientistas que trabalhem em domínios de investigação em que o potencial das infraestruturas de investigação ainda não foi explorado. Rui Fausto, um dos coordenadores do projeto em Portugal e professor catedrático no Departamento de Química da FCTUC. www.sigmasoft.de DESCUBRA O SEGREDO DOS TRANSFORMADORES DE PLÁSTICOS DE SUCESSO AQUI: 19.- 26. Outubro 2022 Düsseldorf, GER Salão 13 B 29 09.- 12. Novembro 2022 Batalha, POR Stand 2C-03 Portugal Director Técnico Comercial Marco Ruivo

10 Os plásticos são o material do século XXI, mas também o material do futuro. Diminuem o peso dos produtos, preservam, protegem e facilitam o seu fabrico. São um aliado da sociedade e continuam a reinventar-se. Nesta secção pode ver novas e curiosas aplicações que só são possíveis graças ao plástico. OBRIGADA, PLÁSTICO Igus:bike: a primeira bicicleta urbana feita de plástico reciclado A empresa alemã Igus apresentou na feira Hannover Messe o conceito de uma bicicleta de cidade robusta e durável feita inteiramente de plástico, desde o quadro até aos rolamentos e à correia dentada. Uma característica especial é que a versão reciclada será feita principalmente a partir de plásticos reutilizados originalmente de uso único. "O plástico proveniente de aterros em todo o mundo está a tornar-se um recurso valioso", explica Frank Blase, CEO da Igus. Frank Blase teve a ideia da bicicleta equanto estava de férias, na praia. Ao falar com os empregados de uma empresa de aluguer de bicicletas, tomou conhecimento dos principais problemas das bicicletas utilizadas na praia: estão continuamente expostas à areia, vento e água salgada e por vezes têm de ser substituídas em apenas três meses. A igus:bike é mais fácil de manter do que qualquer outra bicicleta. Os utilizadores podem deixá-la ao ar livre em todas as condições meteorológicas e limpá-la em apenas alguns segundos com uma mangueira de jardim. "Porque todos os componentes são feitos de plástico, nenhuma parte da bicicleta enferrujará, nem mesmo as engrenagens, que, durante muito tempo, foi impensável que pudessem ser feitas em plástico", diz Blase.

11 OBRIGADA, PLÁSTICO Novas tendências de cores no mundo dos plásticos A coleção Colour Vision é considerada uma fonte de inspiração tanto para designers de produto como para transformadores de plásticos. Todos os anos, os especialistas da Gabriel-Chemie trabalham ativamente para identificar as tendências futuras, de forma a criar uma nova coleção. O tema da coleção deste ano, lançada recentemente, é ‘Revival-Hope’, numa referência à revitalização da nossa vida quotidiana e do mundo do trabalho e à forma como esperamos que esta seja flexível e imaginativa, com um novo otimismo e esperança no futuro. As cores escolhidas refletem exatamente esses sentimentos positivos. Por exemplo, a cor ‘rosa doce’ acentua a direção positiva do futuro e a nova ‘sonho oriental’ transporta-nos para as noites orientais e inspira o nosso aventureiro interior. Uma coisa é certa, as nove cores vibrantes destacam-se excecionalmente das coleções anteriores. Os temas de cada coleção são desenvolvidos anualmente através da análise de novas tendências de cor de diferentes setores industriais e tendo em conta as influências sociais no mercado. INDÚSTRIA OPTIMIZE A SUA EFICIÊNCIA INJEÇÃO EXTRUSÃO SOPRO TERMOFORMAÇÃO KILOWATTS Refrigeradores de àgua condensados por ar Capacidade frigorífica: 227 ÷ 481 kW Compressores Multiscroll Truly industrial, truly green NOVAIR-MTA, S.A.U. E-08233 Vacarisses (Barcelona) Tel: +34 938 281 790 E-mail: info@novair-mta.com www novair-mta com : soluções verdes para controle de temperatura na indústria de plásticos Refrigeradores de àgua condensados por ar Capacidade frigorífica: 7 ÷ 254 kW Compressores Scroll/Multiscroll O refrigerador industrial de referência REFRIGERANTE NATURAL R290 SISTEMA FREE COOLING MODULAR REFRIGERANTE DE BAIXO GWP R513A/R454B GAMAS DE PRODUTO COM REFRIGERANTE DE BAIXO GWP 1,7÷1945

12 OBRIGADA, PLÁSTICO Novo produto da Corticeira Amorim incorpora reciclados da Nike O novo subpavimento Go4cork Blend, produzido pela Amorim Cork Composites, combina compósitos de cortiça e espuma de EVA, proveniente dos excedentes do processo de fabrico de calçado da Nike (Nike Grind). O subpavimento Go4cork Blend com Nike Grind é produzido pela Amorim Cork Composites – unidade de negócio da Corticeira Amorim que desenvolve produtos, soluções e aplicações para algumas das indústrias mais exigentes do mundo – e pretende ter um impacto positivo no ambiente, através da criação de uma solução sustentável, tendo por base os princípios da economia circular. A Amorim Cork Composites utilizou na composição deste produto: compósitos de cortiça e espuma de EVA, proveniente dos excedentes do processo de fabrico de calçado da Nike (Nike Grind). A nova solução assenta numa formulação que visa proporcionar um elevado desempenho ao subpavimento, devido às características únicas que a cortiça confere a esta aplicação: durabilidade, conforto, impermeabilidade, anti-vibração e isolamento térmico e acústico. Segundo um estudo levado a cabo pela consultora EY, o balanço de carbono do subpavimento Go4cork Blend com Nike Grind é negativo, representando -5.5kg CO2 eq/m2. Isto significa que este produto promove um sequestro de carbono no montado que é superior às emissões de CO2 que resultam da sua produção. O estudo foi conduzido segundo uma abordagem ‘cradle-to-gate’, contemplando os impactos ambientais de todas as atividades, desde a extração da matéria-prima, passando pela produção de todos os componentes, até à porta da fábrica. Maior desempenho de barreira para as embalagens flexíveis Os novos masterbatches Gastop-Flex, da Ampacet, foram desenvolvidos para reduzir as taxas de transmissão de gases em aplicações flexíveis e auxiliar os designers de produto a otimizar as suas embalagens, de forma a satisfazer os requisitos da economia circular. As propriedades de barreira de gás das embalagens flexíveis em poliolefinas aumentaram tipicamente com a utilização de embalagens mais grossas, material de barreira coextrudido ou laminados muti-materiais. Contudo, as embalagens mais grossas não são ideais em termos de eficiência de recursos do material de embalagem, especialmente quando os detentores das marcas se comprometem em reduzir a quantidade de plástico usado nas suas embalagens. Os laminados multimateriais frequentemente não são recicláveis. O Gastop-Flex da Ampacet foi concebido para uso emmonocamada, assim como para uso geral em multicamada e filmes de polietileno de barreira em equipamentos convencionais e equipamentos de filme estirável MDO (Orientação da Direção da Máquina). A adição de Gastop-Flex reduz as taxas de transmissão de oxigénio e de vapor de água até 60% do valor inicial. Os masterbatches Gastop-Flex da Ampacet permitem o fabrico de embalagens de barreira elevada, conservando o teor de EVOH abaixo de 5%, em conformidade com as orientações de conceção da economia circular. Eles também permitem reduzir a espessura das estruturas de embalagem de uso geral para diminuir o peso das embalagens, sem afetar a permeabilidade ao vapor de água. Para mais informações sobre a gama de produtos Gastop-Flex da Ampacet, visite o stand da empresa na feira K 2022 (J07 Hall 8A), de 19 a 26 outubro, em Düsseldorf, Alemanha, ou envie um email para marketing.europe@ampacet.com.

13 OBRIGADA, PLÁSTICO Crocs mais sustentáveis graças à Dow A Dow lançou a Engage Ren, uma extensão da gama de elastómeros de poliolefinas (POE) de alto desempenho Engage. A nova marca, possibilitada pela tecnologia Ecolibrium da Dow, ajudará a indústria do calçado a reduzir a sua pegada de carbono e a desenvolver produtos mais sustentáveis que produzam os mesmos resultados. Os elastómeros de poliolefinas Ren (POE) são produzidos utilizando energia renovável e matérias- -primas de origem vegetal, tais como óleos alimentares usados. Como apenas são utilizados resíduos ou subprodutos de um processo de produção alternativo, estas matérias-primas não consomem recursos terrestres adicionais nem competem com a cadeia alimentar. Na aplicação final, os polímeros de origem vegetal Engage Ren oferecem um desempenho equivalente aos seus homólogos baseados em fósseis e, portanto, não necessitam de reformulação. A Crocs é a primeira marca de calçado a chegar ao mercado com esta nova tecnologia de materiais. SOLUÇÕES DE SOLDADURA PARA A INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS COM LABORATÓRIO DE ENSAIOS EM PORTUGAL Alberto CORREIA | Sales & Marketing | Regional Manager Portugal/Espanha/França | Tel: (+351) 934906865 acorreia@dukane.com | www.dukane.com Representante em Portugal: Wondermac – Innovative Solutions, Lda. Rua Nova da Nespereira Pav. 11 - Lagoa | 4770-287 V.N. Famalicão / Portugal Tel: (+351) 934906783 - (+351) 252181344 | info@wondermac.pt | www.wondermacsolutions.com

14 TENDÊNCIAS DECLARAÇÃO DO CONSELHO CONSULTIVO DOS EXPOSITORES DA K 2022 RADIOGRAFIA DA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO 2022 (1.ª parte) Realizada em Düsseldorf, Alemanha, desde há 70 anos, a feira K reflete o singular triunfo internacional dos materiais que definem a nossa época: os plásticos. A cada três anos, concentram-se neste certame os mais recentes avanços tecnológicos e as soluções mais rentáveis para a transformação e a aplicação de materiais poliméricos. A poucas semanas da sua 22ª edição, este artigo analisa o atual estado do setor que, nos últimos anos, tem sido particularmente colocado à prova. A DIVERSIDADE DE POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO É A BASE DO SUCESSO A imparável ascensão mundial dos plásticos e da borracha, verificada nas últimas décadas, até se tornarem na principal classe demateriais dos nossos tempos, baseia-se em matérias-primas de baixo custo (essencialmente subprodutos das refinarias) com uma variedade incomparável de aplicações para osmateriais. Após umcrescimento médio anual de mais de 8% desde 1950, os materiais poliméricos são, hoje, indispensáveis e omnipresentes em quase todos os produtos do mundo moderno. A quantidade de diversidade de embalagens para alimentos e produtos de utilização quotidiana, bem como de recipientes de armazenamento e transporte, estão constantemente a aumentar. Dependendo da região e do seu estado de desenvolvimento, representam até metade da utilização total. Sem as embalagens de plástico, o fornecimento de alimentos a quase oito mil milhões de pessoas seria simplesmente impossível do ponto de vista puramente logístico. Na ampliação das infraestruturas, bem como na construção de edifícios e na engenharia civil, os plásticos são utilizados no fornecimento de água, eletricidade e gás, no isolamento, nos perfis das janelas e muito mais. Este setor utiliza entre um quarto e um terço dos materiais. Fotos: Messe Düsseldorf, Constanze Tillmann.

15 TENDÊNCIAS Embora a mobilidade (dos automóveis aos veículos pesados, passando pelos veículos ferroviários e a aviação) represente cerca de 10% do consumo total de plásticos e borracha, a sua elevada procura torna-a num dos impulsores tecnológicos mais importantes. Isto também se aplica a áreas como a eletricidade e a eletrónica, bem como às muito exigentes aplicações médicas, tanto para dispositivos e aparelhos como para aplicações diretas no

16 TENDÊNCIAS corpo humano. Além disso, muitos bens de consumo, como artigos para o lar, móveis, brinquedos ou artigos desportivos e de lazer de todos os tipos, só podem ser produzidos com materiais poliméricos. Neste sentido, a cadeia de valor dos polímeros permanece relativamente estável no seu conjunto, inclusivamente em tempos de crise nos mercados de aplicações individuais. Em 2018 e 2019, por exemplo, a indústria automóvel mostrou-se desconfortável, especialmente em relação ao forte aumento da procura por mobilidade elétrica e, portanto, ao afastamento do motor de combustão. O resultado foi um declínio temporário nos respetivos segmentos da indústria do plástico e da borracha. Entretanto, outros setores, como o das embalagens, mostraram-se resilientes em todo o mundo graças às vantagens da sua aplicação, mas também na Europa, apesar das fortes críticas ambientais. UM DOS SETORES ECONÓMICOS MAIS IMPORTANTES DA EUROPA A indústria do plástico (produção e transformação) na UE27 atingiu um volume de negócios de mais de 328 000 milhões de euros em 2020, com 1,47 milhões de funcionários em quase 51 700 empresas, sendo amaioria delas pequenas e médias. Tal foi determinado pela associação de produtores Plastics Europe segundo os dados do Eurostat. O seu valor acrescentado faz dele o sétimo maior setor industrial da Europa, a par das indústrias química e farmacêutica. A indústria contribuiu com 15 800 milhões de euros para o excedente comercial da UE. O setor das embalagens na Europa é o que necessita de mais materiais plásticos, 40,5%, de acordo com dados da Plastics Europe. O setor da construção permanece em segundo lugar, com uma quota de 20,4%; o setor automóvel em terceiro, com 8,8%; seguido pela indústria elétrica e eletrónica, com 6,2%; os bens de consumo, utensílios domésticos e os artigos desportivos, com 4,3%; e a agricultura, com 3,2%. A quota de consumo de todos os outros utilizadores, como o setor mobiliário, industrial, médico e os fabricantes de eletrodomésticos, ascendeu a 16,7%. A nível regional, a Alemanha (23%), a Itália (14%), a França (9%), bem como a Espanha, a Grã-Bretanha e a Polónia (7% cada) continuam a representar cerca de dois terços da procura de plásticos na Europa. O último terço é repartido entre mais de 20 países. CORONAVÍRUS: DECLÍNIO MUNDIAL DA PRODUÇÃO E DO FABRICO DE MAQUINARIA Quase todas as áreas da vida foram afetadas pelo impacto da pandemia do coronavírus em 2020. As várias medidas, especialmente os confinamentos prolongados em vários países e regiões do mundo, também tiveram repercussão em amplos setores da indústria do plástico. Muitas aplicações impor-

17 TENDÊNCIAS tantes entraram em colapso em todos os âmbitos. Por isso, não é de surpreender que em 2020, pela primeira vez desde a grande crise económica mundial de 2008/2009, se tenham verificado novamente diminuições no consumo e na produção de plásticos e de borracha, bem como na indústria de maquinaria associada. Por exemplo, a associação de produtores Plastics Europe posiciona a produção mundial de plásticos (excluindo as fibras) para 2020 em 367 milhões de toneladas, comparativamente aos 368 milhões do ano anterior e aos 359 milhões de toneladas de 2018. O centro da produção deslocou-se claramente para a Ásia após um crescimento constante nos últimos 20 anos. Atualmente, mais de 50% dos plásticos a nível mundial são ali produzidos. Só a China, de longe, o país commaior produção, aumentou a sua quota para 32% ou mais de 110 milhões de toneladas no ano passado. Por outro lado, a quota de mercado da Europa voltou a diminuir ligeiramente, passando de 17,2%, em 2018, e de 15,7%, em 2019, para apenas cerca de 15% ou pouco mais de 55 milhões de toneladas (2019: 57,9 milhões de toneladas, 2018: 61,8 milhões de toneladas). Em 2008, a quota da Europa na produção mundial era ainda de 25%. Entretanto, a região do TLCAN manteve a sua posição comum ligeiro aumento para 18,8% ou 69 milhões de toneladas. Segundo os números do Grupo Internacional de Estudo sobre a Borracha (IRSG), a produção de borracha já diminuiu 1,1%, para os 28,8 milhões de toneladas em 2019. Destes, a borracha sintética representou 15,1 milhões de toneladas e a borracha natural 13,7 milhões. Então, em 2020, a produção caiu 5,7%, para um total de 27 milhões de toneladas. Segundo o IRSG, os confinamentos dos três maiores países fornecedores de borracha natural, Tailândia, Indonésia e Malásia, são particularmente responsáveis por isto. Aomesmo tempo, a procura diminuiu 6,2%. Os cortes provocados pela crise do coronavírus também são claramente notáveis nos números do setor da maquinaria para plásticos e borracha. Em 2018, o valor da produção mundial tinha atingido o máximo histórico de 36 800 milhões de euros, de acordo com as pesquisas da VDMA. Já em 2019, diminuiu ligeiramente para os 36 000 milhões de euros, em consequência, sobretudo, das incertezas da indústria automóvel. Por último, durante a primeira fase da pandemia, comos confinamentos de 2020, o valor da produção mundial caiu 4,5%, para os 34 300 milhões de euros. Em contrapartida, em 2021 a produção voltou a recuperar de forma quase brilhante, mais de 11%. Apesar de novos encerramentos e dos omnipresentes problemas na cadeia de abastecimento, a produção atingiu o novo valor recorde de 38 600 milhões de euros. 16382_anuncio_interplast_210x68.pdf 1 28/01/22 10:25

18 TENDÊNCIAS À frente deste desenvolvimento estão os fabricantes chineses. Após anos de crescimento sustentado, ampliaram a respetiva quota de produção mundial para 35% em 2021 (2020: 34,4%). Isto representa quase mais 5 pontos percentuais do que em 2017. A quota dos fabricantes de maquinaria alemães caiu para menos de 20% pela primeira vez em muito tempo, apesar da respetiva liderança tecnológica com 19,6%. No entanto, após um forte declínio em 2020, também se registaram aqui aumentos significativos. O mercado mundial de maquinaria para plásticos - o negócio do comércio internacional através das fronteiras dos países fabricantes - tambémmostrou uma forte recuperação no ano seguinte, após uma queda significativa em2020. Com 23 700 milhões de euros, quase atingiu o valor máximo de 2017. O que é impressionante aqui é que o setor alemão da engenharia mecânica teve agora de ceder a sua longa posição de liderança aos fabricantes chineses. No entanto, isto era previsível após o seu aumento constante nos últimos dez anos. Com uma quota de 23,9%, a China é pela primeira vez o maior exportador mundial. A Alemanha é seguida pelo Japão, com 9,1%, Itália, com8,6%, e Estados Unidos, com4,5%. A Europa (UE27+Reino Unido) continua a mostrar a sua força regional tradicionalmente desproporcionada, com uma quota total de 46,6% das exportações mundiais e uma quota de produção de 40%. OS PROBLEMAS DA CADEIA DE ABASTECIMENTO ABRANDAM A TRANSFORMAÇÃO EUROPEIA Onúcleo dosmercados do plástico e da borracha é a transformação. A conversão de materiais em produtos através de máquinas industriais gera as receitas que sustentam toda a cadeia de valor. Este ramo da indústria é grande e de pequena escala, o que condiz com as suas aplicações heterogéneas, e em todo o mundo conta com o caráter típico da indústria transformadora de tamanho médio. A proximidade do cliente é um dos principais fatores de sucesso. No caso dos produtos simples, isto pode certamente ser entendido a nível regional. Por outro lado, para as tarefas mais exigentes, o foco centra-se mais em determinar qual é a solução técnica mais eficiente para o cliente, comrelativa independênciadadistância. Na crise do coronavírus, as empresas cujos produtos estão mais voltados para as necessidades quotidianas das pessoas saíram-se melhor, naturalmente. Alguns subsegmentos, como os fabricantes de embalagens higiénicas e de artigos de tecnologia médica, experimentaramatémesmo efeitos de expansão a curto prazo. No entanto, a maioria dos setores sofreu reveses. Para muitos fabricantes de peças técnicas, especialmente no setor de fornecimentos para a indústria automóvel, o segundo e o terceiro trimestres foram francamente catastróficos. O PRINCIPAL PROCESSAMENTO DA ALEMANHA TAMBÉM FOI AFETADO Segundo a Associação Alemã de Processamento de Plásticos (GesamtverbandKunststoffverarbeitende Industrie, GKV), a principal indústria transformadora de plásticos da Europa registou um declínio de 5,6% no seu volume de negócios, até atingir os 61 500 milhões de euros no final do ano. Os mais afetados foram os fabricantes de peças técnicas, que sofreram perdas de 12%. O declínio das vendas de bens de consumo de plástico foi ligeiramente menor, de 9%. O volume processado diminuiumenos, 2,8%, para 14,2 milhões de toneladas. Isto deve-se às aplicações de grande volume nas embalagens e na construção, que utilizam, na sua maioria, materiais simples e, portanto, baratos. Apesar dos diversos instrumentos de gestão da crise de pessoal, o número de funcionários diminuiu em paralelo 4,1%, para as 322 000 pessoas. Pelo contrário, para o ano seguinte, 2021, a GKV anunciou um aumento bastante grande da faturação. Segundo a mesma, o aumento foi de 12,6% até se situar nos 69 400 milhões de francos. No entanto, as vendas cresceram em menor proporção, 5,6%, até aos 15 milhões de toneladas. Portanto, uma boa parte do aumento da faturação deveu-se ao aumento significativo do preço das matérias-primas. Os fabricantes de peças técnicas, em particular, contiSem plásticos, o futuro da humanidade no seu número e forma atuais, é simplesmente inconcebível

19 TENDÊNCIAS coronavírus. Como consequência, grande parte da indústria do processamento europeia, em particular, deparou-se com os seus armazéns de material vazios e os preços dos plásticos dispararam até atingirem níveis sem precedentes. Como importantes indústrias utilizadoras, como a indústria automóvel, tiveram que reduzir a produção devido às falhas na cadeia de abastecimento, as vendas caíram do outro lado. A guerra na Ucrânia exacerba ainda mais estes desafios desde o mês de fevereiro. No entanto, nesta crise, por vezes dramática, as empresas do setor demostraram uma grande solidez. A crise financeira de 2008/2009 e a escassez de matérias-primas em 2015 provocaram, obviamente, o estabelecimento de mecanismos de defesa adequados emmuitas empresas, que estão agora a demonstrar a sua eficácia. Os rácios de equidade foram melhorados, os custos estão concebidos para permitir ‘respirar’ e o Estado também ajuda em aspetos cruciais, sobretudo com os custos de pessoal ( jornada reduzida). OS PRINCIPAIS DESAFIOS ESTÃO IDENTIFICADOS É de esperar que a pandemia de coronavírus termine finalmente este ano. Os problemas globais de escassez de matérias-primas, bem como as dificuldades vividas nas cadeias de abastecimento e logística, serão resolvidos pouco a pouco, graças às leis do mercado. Em outubro, o mundo dos plásticos deverá poder concentrar-se nos seus negócios, aproveitando da melhor maneira o que os expositores da K têm para oferecer ao mercado. Em 2019, o tema central da feira foi a economia circular. Como resultado dos requisitos legais e de uma série de esforços e iniciativas, a taxa de reciclagem na Europa (a antiga UE28 mais a Suíça e a Noruega) tem vindo a aumentar de forma constante. Em 2018, as vias de valorização mais importantes foram a valorização energética, com 42%, e a reciclagem mecânica, com 33%, ao passo que cerca de 25% dos resíduos plásticos foram depositados em aterros sanitários. Dez anos antes (2008), ainda se recuperava 30% termicamente, 21% reciclava-se e 49% depositava- -se em aterros sanitários. No que diz respeito à recuperação de embalagens (valorização energética e reciclagem), todos os países europeus atingem já taxas superiores a 30%; 17 países, pelo menos 70%; dez, mais de 98%, e alguns até 100%. Em 2018, foram recicladas mais embalagens de plástico para materiais (42,4%) do que para energia (38,5%). Continuou a depositar-se nos aterros sanitários, mas menos do que nunca (19,1%). Podemos ver que este tema tem vindo a ser trabalhado intensamente, mas ainda há muito a fazer, nomeadamente no que respeita à incorporação intensiva de reciclado emnovos produtos. A K 2022 mostrará os progressos realizados até agora e, ao mesmo tempo, começará a definir o rumo necessário para os próximos anos e décadas. Muitas soluções já foram formuladas e refletidas, e há que tomar decisões. O que está claro é o seguinte: sem plásticos, o futuro da humanidade no seu número e forma atuais é simplesmente inconcebível. n nuam a sofrer uma enorme pressão sobre os seus resultados. Após a reativação sentida nos primeiros nove meses do ano, a situação voltou a piorar no quarto trimestre devido à vaga seguinte da pandemia do coronavírus. Além disso, a guerra iniciada pela agressão da Federação Russa contra a Ucrânia no início de 2022 tornou ainda mais incerta a situação da transformação dos plásticos na Europa e na Alemanha. As impressões de outros grandes mercados na Europa, América do Norte e grande parte da Ásia não forammuito melhores. No entanto, emmeados de 2020 já se notavam sinais animadores a partir da China. No quarto trimestre, as coisas também avançaram na Europa e na América do Norte. Com a crescente flexibilização das medidas contra a pandemia, a transformação de plásticos também entrou em funcionamento de novo. No entanto, as coisas revelaram-se diferentes. Na América do Norte, os fenómenos naturais como tempestades e excecionais ondas de frio e calor paralisaram temporariamente vastas regiões. Alémdisso, as cadeias de abastecimento globais (que procedem na sua maioria da Ásia e são distribuídas para os restantes continentes) entraram em colapso emmaior ou menor medida porque produtos fundamentais, como os semicondutores, não estavam disponíveis em quantidade suficiente. Para piorar as coisas, os sistemas logísticos desmoronaram-se e, ao mesmo tempo, muitas unidades de produção de plásticos na Europa não voltaram a entrar em funcionamento após as paragens devido ao

20 K 2022: 75 mil m2 de inovação para a indústria de plásticos Como sempre acontece, a área de exposição da K 2022, a principal feira mundial de plásticos e borracha, está completa. À incerteza dos tempos, cerca de 3.000 expositores responderam com confiança no futuro e prepararam-se para, de 19 a 26 de outubro, levar a Düsseldorf os mais recentes desenvolvimentos em materiais, máquinas, processos e ferramentas para transformação de plásticos. “Digital is not life”, afirmou Ulrich Reifenhauser, Chairman Exhibitor Advisory Board da K, durante a conferência de imprensa prévia ao evento, realizada no final de junho em Düsseldorf. Queria com isso dizer que “se realmente queremos desenvolver estratégias com os nossos parceiros, não podemos fazê-lo no meio digital, temos de fazê-lo pessoalmente”. E é com este espírito que, apesar das adversidades que a Europa vive atualmente, os expositores preparam mais um encontro mundial do setor. Tal como no último evento, a digitalização desempenhará um papel central na edição deste ano. As mudanças no setor automóvel, um importante mercado cliente, continuam a impulsionar a tecnologia. Por outro lado, a economia circular continua a permear todas as etapas da cadeia de valor. Fique a conhecer, a seguir, algumas das novidades anunciadas pelos expositores.

21 ARBURG Pavilhão 13, stand A13 A Arburg adotou uma mensagem clara para a sua presença na feira K 2022: ‘Só temos um Plano A’. O slogan transmite a ideia de que o fabricante de máquinas está a dar o seu contributo para as importantes questões globais em torno da conservação de recursos, da economia circular e da redução de CO2, e que está a demonstrar soluções. No total, a empresa ocupará 2.300 m2 na feira e terá 15 máquinas em exposição, distribuídas por todo o recinto, nos stands de parceiros. No stand principal, Pavilhão 13 (A13), estarão expostas oito Allrounders hidráulicas, híbridas e elétricas com uma força de fecho de 350 a 6.500 kN e duas Freeformers para o fabrico aditivo industrial. Todas as máquinas de injeção serão automatizadas com sistemas robóticos, em alguns casos integrados em sistemas complexos chave na mão e ligados ao portal do cliente ‘arburgXworld. Os visitantes poderão experienciar o potencial do sistema de controlo Gestica e dos seus assistentes, tais como o ‘aXw Control FillAssist’. O plug-in Varimos da Simcon, que mostra os efeitos das alterações nos parâmetros das máquinas com base em IIA, estará pela primeira vez em exibição. Três das máquinas expostas estarão equipadas com o pacote ‘reciclagem’ da Arburg: uma Allrounder 470 A elétrica produzirá cabos PP a partir de reciclado pós-consumo (PCR); uma Allrounder 270 S compacta hidráulica que irá utilizar PPS reciclado reforçado com fibra de vidro para fabricar pinças; e uma Allrounder 375 V com um robô de seis eixos e ummódulo de controlo chave-na-mão Arburg (ATCM), que irá produzir uma ferramenta de bicicleta a partir de PA66/6 reciclado (GF50). Destaque ainda para a demonstração ‘inteligente’ de uma máquina híbrida Allrounder 630 H com design de sala limpa que produzirá cerca de 18.000 tubos de PET transparentes por hora: a máquina comunica com o molde, o controlador de canais quentes, o secador de material e a automatização através do sistema de controlo Gestica e OPC UA. O sistema informático “Moldlife Sense” está integrado na ferramenta 32x fornecida pelo parceiro Hack da Arburg e permite a monitorização de todo o ciclo de vida. Estarão ainda em exposição uma Allrounder elétrica 720 A, uma Allrounder More 1600 e uma Allrounder Cube 1800 com um molde cúbico de 8+8+8-cavidade com a nova tecnologia CITI do parceiro da Arburg, Foboha. A máquina, equipada com um robô de seis eixos produzirá um componente funcional feito de PP, TPE e POM. BATTENFELD-CINCINNATI Pavilhão 16, stand B19 A battenfeld-cincinnati guardou para Düsseldorf a revelação do novo design que todas as suas linhas de extrusão de tubos terão a partir de 2023. Para alémdo efeito visual, com as cores corporativas da empresa, o novo design oferece maior funcionalidade, com melhor acessibilidade e facilidade de utilização, incluindo características de fácil limpeza. Todos os equipamentos, desde a extrusora até às unidades de calibração e arrefecimento e ao tanque de vácuo, até ao equipamento de corte e à mesa basculante, são fabricados internamente pela battenfeld-cincinnati, perfeitamente combinados tecnicamente e agora também visualmente, sem quaisquer problemas de interface, e integrados no sistema de controlo intuitivo BCtouch UX. Os visitantes do stand da empresa na K vão poder testemunhar a perícia de irrigação por gotejamento da battenfeld-cincinnati através de uma apresentação em vídeo da nova linha para testes montada no laboratório técnico da empresa em Bad Oeynhausen. Neste caso, o destaque vai para os gotejadores, que contam com um design simples e engenhoso para assegurar uma distribuição de água uniforme e contínua. Durante o processo de extrusão, estes gotejadores, desenvolvidos pela battenfeld-cincinnati e por uma empresa parceira, são injetados através do molde do tubo e completamente soldados no tubo de uma só vez enquanto este ainda está quente. Desta forma, deixa de ser necessário fazer furos nos gotejadores para as saídas de água. Ao mesmo tempo, a conceção dos gotejadores assegura uma longa vida útil sem entupimento das saídas de água com calcário e sujidade. Outra novidade em exibição será a pequena solEX NG, que completa a série de extrusoras de alta velocidade para tubos demenor dimensão. Assim, A solEX NG completa a série de extrusoras de alta velocidade para tubos de menor dimensão da battenfeld-cincinnati.

22 além dos quatro modelos solEX NG já existentes nos tamanhos de 60, 75, 90 e 120 mm, passará a estar disponível o solEX NG 45. Um atributo marcante desta série é a combinação da fieira ranhurada com uma geometria de parafuso especial, que oferece até 40% de rendimento mais elevado, cerca de 10 °C de temperaturas de fusão mais baixas e 15% menos consumo de energia. COVESTRO Pavilhão 6, stands A75-1 e A75-2 Empenhada na promoção da economia circular, a Covestro vai apresentar na K os seus mais recentes desenvolvimentos para omercado de reciclagem mecânica e química. É o caso do projeto de reaproveitamento de poliuretano (PU) proveniente de colchões usados em sistemas de isolamento e refrigeração. Denominado ‘Circular Foam’ o projeto engloba 22 entidades de nove países e compreende a recuperação química das duas matérias-primas utilizadas na produção da espuma dos colchões, o poliol e o precursor do isocianato TDI. Na feira, a Covestro apresentará estes e uma série de outros desenvolvimentos para a reciclagem dedicada de plásticos usados. Até à data, o foco da empresa tem sido a reciclagem mecânica tradicional, na qual o plástico é quimicamente preservado, e processos de reciclagem química mais recentes, nos quais as moléculas de polímero são decompostas quimicamente. Outras tecnologias de reprocessamento de matérias-primas - enzimáticas e pirolíticas - estão em desenvolvimento. A empresa revelou recentemete que vai abandonar todas as tecnologias de reciclagem química baseadas na quebra das cadeias moleculares dos materiais para recomposição emnovos produtos, incluindo pirólise, solvólise e quimiólise, e que pretende lançar uma nova gama de produtos ‘neutros para o clima’, ou seja, cuja produção não gera CO2, identificados com o sufixo CQ. GNEUSS Pavilhão 9, stand A22 A Gneuss vai exibir em Düsseldorf a sua nova série de equipamentos de reciclagemOmni para ciclos fechados de reciclagemde PET, PS e poliolefinas pós-consumo. A série em exposição inclui um Alimentador-Rotativo-3C, uma extrusora MRSjump 70, um sistema automático de filtração de massas RSFgenius 90 e o viscosímetro online VIS, para o processamento de 200 kg/h (450 lbs/h) de poliéster (PET). O processamento ocorre sem secagem nem cristalização prévia de rejeitados de embalagens. O novo Alimentador-Rotativo-3C torna possível o uso de materiais de baixa densidade aparente sem nenhuma etapa externa ao processo. A esteira alimenta o material triturado recuperado no funil, onde um disco rotativo de alta velocidade corta, compacta e pré-condiciona o material. As lâminas do equipamento aplicam energia ao material para iniciar o processo de aquecimento e desgaseificação antes que seja automaticamente alimentado à extrusora MRSjump. A Extrusora MRS é baseada na convencional tecnologia de parafuso único, equipada com uma secção commúltiplas roscas. Permite uma eficiente descontaminação do PET e o processamento de R-PET, bem como a sua conversão a produtos de alta qualidade como chapa para termoformagem de embalagens alimentares. Adicionalmente, a linha de reciclagem OmniBoost - incluindo o polireator Jump - estará em operação no centro técnico da Gneuss para demonstração aos visitantes. De acordo com a empresa, o reator Jump pode elevar o valor do IV da massa de PET para até 0.95 dl/g. HASCO Pavilhão 1, stand C06 O fabricante de componentes standard Hasco vai levar à K um conjunto amplo de novidades destinadas aos fabricantes de moldes e de peças plásticas por injeção. Entre elas, destaque para o inovador Streamrunner, o primeiro sistema de canais quentes do mundo fabricado por impressão 3D. Em versão de válvula de agulha, oferece possibilidades completamente novas e permite rápidas mudanças de cor graças à concepção optimizada do fluxo das corrediças polidas com grandes raios de deflexão. O projecto Circular Foam está a investigar processos de reciclagem química da espuma rígida de poliuretano, que proporciona um excelente isolamento para edifícios e equipamento de refrigeração. Streamrunner, o primeiro sistema de canais quentes do mundo fabricado por impressão 3D, será uma das estrelas no stand da Hasco.

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