BP25 - InterPLAST

www.interplast.pt 2025/2 25 Preço:11 € | Periodicidade: 4 edições por ano | Abril, Maio, Junho 2025

PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ... ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. (+351) 215 935 154 geral@interempresas.net www.induglobal.pt

SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_interplast@interempresas.net www.interplast.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127297 Déposito Legal 455414/19 Distribuição total +2.000 envios. Distribuição digital a +1.300 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Nº 25 - Abril, Maio, Junho 2025 Estatuto Editorial disponível em https://www.interplast.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterPLAST adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 Entrevista com Pedro Paes do Amaral, vice-presidente executivo da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) 10 Crise da reciclagem de plásticos na UE exige uma ação imediata 14 Mercado de masterbatches deverá atingir 5,9 milhões de toneladas até 2033, liderado pela embalagem 16 Design 2 Product 2025: inovação, sustentabilidade e estratégia para uma nova era industrial 18 PPWR introduz mudanças significativas no mercado europeu da embalagem 27 PPWR: o futuro das embalagens decide-se hoje 28 Tampas e cápsulas: oportunidades e previsões de mercado até 2030 30 Itene desenvolve embalagens alimentares com funcionalidades avançadas e melhor reciclabilidade 34 Illig apresenta inovador sistema de produção de embalagens com fibras naturais 36 Bioplásticos: perspetivas, desafios e integração na economia circular 38 Soluções sustentáveis para o fim de vida dos biopolímeros: da reciclagem à biodegradabilidade 40 Ácidos gordos voláteis para produção de bioplásticos mediante aproveitamento de resíduos por fermentação acidogénica 45 Biocompósitos: é possível generalizar os aditivos e as cargas vegetais? 49 Vencedores dos Plastics Recycling Awards Europe 2025 revelam avanços na economia circular 52 Erema lança nova ReadyMac com Laserfilter para aplicações pós-consumo 54 Tomra revela as principais tendências no mundo da reciclagem 56 Dissolver o problema dos resíduos de plástico: as novas tecnologias estão à altura dos desafios? 58 Aumento da performance dos moldes de injeção de plástico 60 Superfibra melhora desempenho em indústrias avançadas 64 Mangueiras calafetadas HT700 para coextrusão, da Imvolca 66

4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Evertis vai investir 100 milhões de dólares numa nova fábrica nos EUA A Evertis planeia construir uma nova fábrica de última geração em Columbia, SC. Com um investimento total de 100 milhões de dólares, a nova instalação deverá estar operacional no segundo trimestre de 2026. A fase inicial da expansão acrescentará 30 mil toneladas de capacidade ao mercado norte-americano de embalagens. No segundo trimestre de 2028, uma segunda fase aumentará a capacidade de produção em mais 30 mil toneladas. A Evertis tem vindo a servir o mercado dos Estados Unidos desde 2000, fornecendo inicialmente a partir das suas fábricas no México e no Brasil. A decisão de aumentar a capacidade com uma nova fábrica nos EUA reflete o compromisso da empresa em fortalecer a presença local, estreitando assim a proximidade aos proprietários das marcas mais influentes do mundo. Talento feminino em destaque na K 2025 Pela primeira vez, a feira K acolhe este ano um encontro dedicado exclusivamente às mulheres do setor. O evento especial, intitulado 'Women in Plastics', terá lugar no domingo, 12 de outubro, às 16 horas, no âmbito do programa 'Plastics Shape the Future', promovido pela PlasticsEurope Deutschland. O evento contará com a participação de mulheres de referência no setor, como Stephanie Kalil, da Dow, e Kerstin Sochor, editora-chefe da revista austríaca especializada em plásticos Österreichische Kunststoffzeitschrift, que irá moderar a mesa redonda prevista. A iniciativa tem um duplo objetivo: por um lado, destacar os desafios que as mulheres enfrentam numa indústria historicamente dominada pelos homens; por outro, mostrar o potencial de um setor que se abre cada vez mais à diversidade e ao talento feminino, procurando assim despertar o interesse das novas gerações. As interessadas podem inscrever-se gratuitamente em k-online.com/women-in-plastics. GreenPlast: foco na sustentabilidade, inovação e cultura De 27 a 30 de maio, Milão acolhe mais uma edição da feira GreenPlast. O certame promete oferecer uma visão atualizada das tecnologias de processamento, reciclagem e reutilização de materiais plásticos. Além da área expositiva, com cerca de 5.500 metros quadrados ocupados por 200 expositores, a GreenPlast oferece um fórum para análise e diálogo sobre os desafios que o setor enfrenta. A conferência internacional ‘Shaping a Sustainable Future for Plastics’ irá abordar as oportunidades que a transição ecológica apresenta. Nas Tech Talks, breves apresentações técnicas a cargo de empresas expositoras, os participantes poderão conhecer de perto soluções tecnológicas avançadas, orientadas tanto para o desempenho como para a sustentabilidade. A dimensão cultural da sustentabilidade estará igualmente presente com a exposição Art&Plastics, que incluirá propostas artísticas destinadas a mostrar como os polímeros podem tornar-se matéria-prima secundária, gerando narrativas em torno da circularidade. Os ingressos estão disponíveis no site oficial do evento: www.greenplast.org

5 Engel amplia quota de mercado num cenário de incerteza global O grupo Engel encerrou o ano fiscal de 2024/25 com uma faturação de aproximadamente 1,5 mil milhões de euros. Apesar da contínua deterioração das condições do mercado, o fabricante de máquinas de injeção manteve-se firme face aos seus concorrentes europeus e continuou a aumentar a quota de mercado, impulsionado pela inovação e estratégias regionais específicas. O último ano fiscal foi marcado por uma menor atividade de investimento e uma queda significativa nas encomendas em todos os setores industriais. Neste cenário, apesar de ter registado uma queda nas receitas de quase 10% em comparação com o ano anterior, a Engel aumentou sistematicamente a sua quota de mercado em vários setores e regiões. Enquanto o setor automóvel continua a enfrentar incertezas estruturais, cresce o interesse por soluções para a construção leve e materiais alternativos. Na injeção técnica, a Engel conseguiu reforçar a posição no mercado graças à sua experiência em tecnologia de aplicações, apesar da conjuntura de incerteza. A divisão de embalagens mostrou-se muito mais resistente, beneficiando de um aumento da procura. A divisão médica manteve-se estável, e o interesse sustentado por aplicações específicas ajudou a compensar uma ligeira queda geral. Sede do Grupo Engel em Schwertberg, Austria. EDITORIAL Nesta 25.ª edição da InterPlast, voltamos a colocar o foco na força transformadora da indústria de plásticos - uma força que não é apenas tecnológica, mas estratégica, resiliente e cada vez mais sintonizada com os desafios ambientais e económicos do nosso tempo. Em jeito de antevisão do próximo Plastics Summit - Global Edition, conversámos com Pedro Paes do Amaral, vice-presidente executivo da APIP e diretor executivo do evento, que nos deixa uma mensagem clara: encontrar uma solução para os desafios ambientais exige o envolvimento de todos os elementos do ecossistema da sustentabilidade num debate aberto e sem fundamentalismos. Leia a entrevista completa na página 10. Neste caminho da indústria para um futuro mais verde, importa salientar o papel crucial das equipas de desenvolvimento de produto. O tema foi amplamente debatido na nona edição da conferência ‘Design 2 Product 2025’, cuja reportagem reproduzimos na página 18. Neste número, debruçamo-nos igualmente sobre o novo regulamento europeu das embalagens (PPWR), que impõe uma reconfiguração profunda da cadeia de valor, mas que também abre portas à inovação e à diferenciação competitiva. Ainda no campo da sustentabilidade, damos destaque a temas incontornáveis como os bioplásticos e os compostáveis, materiais que continuam a gerar debate, mas que devem ser encarados com pragmatismo técnico e ambição estratégica. Discutimos os seus desafios, mas também o seu potencial de integração, em articulação com soluções para o fim de vida dos materiais, da reciclagem à biodegradabilidade. Destaque também para o caderno que preparámos sobre tecnologias de reciclagem. São estas inovações que vão permitir fechar o ciclo dos materiais e consolidar, com base científica e industrial, o conceito de economia circular no universo dos plásticos. Mais do que uma compilação de artigos, esta edição da InterPlast é um reflexo de um setor que não se limita a reagir, mas que constrói. Que assume responsabilidades, sim, mas que exige ser ouvido com base em conhecimento, dados e propostas concretas. É esta voz, informada e mobilizadora, que continuaremos a amplificar. Boas leituras! Um setor com rumo e com voz

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Haitian International encerra 2024 com números recorde PRSE regista maior número de visitantes de sempre A feira Plastics Recycling Show Europe (PRSE), celebrada em Amesterdão a 5 e 6 de abril, ultrapassou pela primeira vez em nove edições os 13 mil participantes. O evento reuniu mais de 500 expositores e 75 oradores nas conferências paralelas. Entre os temas abordados, destaque para os avanços na eficiência da reciclagem, a classificação inteligente de resíduos e a regulamentação europeia. Especialistas da Hyundai, ING e VinylPlus sublinharam o papel estratégico da PRSE como plataforma para partilhar soluções e detetar tendências. Apesar do momento complexo que atravessa o setor da reciclagem de plásticos, o ambiente na feira foi marcado por uma intensa troca de ideias, formalização de acordos comerciais e uma visão otimista sobre o futuro da indústria. A próxima edição está marcada para os dias 5 e 6 de maio de 2026. AGI junta-se à expedição ‘Portugal Azul’ pela saúde dos oceanos A AGI apoia a expedição ‘Portugal Azul’, liderada pelo explorador espanhol Nacho Dean, que irá percorrer a costa portuguesa até junho de 2025 para documentar o estado dos mares e sensibilizar para a importância de preservar os ecossistemas marinhos. O percurso inclui paragens em locais importantes, como a Reserva Natural das Berlengas, o rio Tejo, os Açores ou a Ria Formosa. O projeto conta com a participação de instituições como a Universidade de Coimbra ou o PIEP e visa recolher dados sobre a poluição por plásticos, a perda de biodiversidade e as alterações climáticas. A AGI reafirma assim o seu compromisso com a sustentabilidade e a colaboração ativa em iniciativas ambientais. A Haitian International, representada em Portugal pela Deltaplás, encerrou o exercício de 2024 com os melhores resultados de sempre: 2.041 milhões de euros de faturação, mais 23,4% que o registado no ano anterior (1.654 milhões de euros). Um crescimento alavancado pela reconfiguração das cadeias industriais globais e pelo dinamismo das exportações de vários setores a jusante. Durante o ano, a empresa entregou mais de 53 mil máquinas de injeção, um aumento de 35,5% em relação a 2023. Apesar do ambiente económico internacional incerto, o negócio principal da empresa cresceu 23,8%. As vendas de componentes e serviços ascenderam a cerca de 91,5 milhões de euros. Com mais de 8.000 empregados em todo o mundo, a Haitian tem atualmente cinco localizações internacionais. A empresa opera numa área de produção de 1,44 milhões de metros quadrados, com uma cobertura total de superfície superior a 2,84 milhões de metros quadrados. O posicionamento estratégico da empresa permitiu um crescimento equilibrado nos mercados interno e externo. As vendas no mercado interno atingiram cerca de 1,28 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 27,7% face ao ano anterior. No mercado internacional, as vendas ascenderam a 762 milhões de euros, mais 16,8% do que no ano anterior, o que equivale a 37,3% do volume total exportado.

7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER RecyClass adapta metodologia à nova regulamentação europeia A RecyClass publicou uma nova versão da Metodologia de Reciclabilidade em antecipação às próximas alterações legislativas. Esta atualização visa continuar a apoiar a cadeia de valor do plástico na transição para a circularidade. A metodologia RecyClass classifica as embalagens em termos da sua reciclabilidade. Entre as principais alterações, o sistema, que até agora consistia em seis categorias, será reduzido para três. As classes D, E e F serão eliminadas e passam a ser consideradas 'não recicláveis'. Além disso, os limites de conteúdo reciclável do plástico foram ajustados para se alinharem com os critérios preliminares propostos pelo Regulamento de Embalagens e Resíduos de Embalagens (PPWR, na sigla em inglês). Estas alterações também foram integradas no Esquema de Auditoria da RecyClass para a reciclabilidade de embalagens plásticas. Microscópio cirúrgico com casquilhos em polímero vence Manus 2025 Um microscópio portátil projetado pela Preceyes B.V. e pela organização sem fins lucrativos SeeYou Foundation foi galardoado com o primeiro lugar no concurso Manus 2025, da igus. Concebido para intervenções cirúrgicas em países com recursos limitados, o dispositivo incorpora casquilhos deslizantes em polímero iglidur G da igus, que não requerem lubrificação, o que melhora a durabilidade e elimina o risco de falhas em ambientes hostis. O microscópio pode ser instalado em cinco minutos e funciona sem eletricidade, permitindo tratar doenças oculares como cataratas em locais sem infraestrutura médica adequada. igus® Lda. Tel. 22 610 90 00 (chamada para a rede fixa nacional) info@igus.pt /packaging Porque cada segundo conta! Soluções limpas, económicas e rápidas. PT-14xx-Packaging 86x125 (GS).indd 1 09.05.25 11:57

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Aimplas avalia riscos das embalagens alimentares reutilizáveis O novo Regulamento relativo a embalagens e resíduos de embalagens estabelece objetivos obrigatórios para a reutilização progressiva das embalagens. No entanto, não existem atualmente procedimentos normalizados para avaliar os seus riscos para a segurança alimentar. Nesta linha, o Aimplas, Instituto Tecnológico del Plástico, está a trabalhar no projeto SafeReuse, que visa avaliar os riscos associados às embalagens de plástico reutilizáveis destinadas a entrar em contacto com os alimentos quando submetidas a altas temperaturas em micro-ondas e máquinas de lavar louça. Concretamente, pretende-se analisar a geração de NIAS (substâncias não intencionalmente adicionadas) e MPs (microplásticos) nestas circunstâncias. A iniciativa, financiada pelo Instituto Valenciano de Competitividade e Inovação (Ivace+i) e por fundos do Feder, procura também estabelecer uma metodologia para garantir a segurança alimentar e a proteção da saúde dos consumidores, enquanto proporciona um sistema que facilita o cumprimento dos requisitos estabelecidos. Continental 'Fabricante de Pneus do Ano' graças à fábrica portuguesa A Continental foi premiada como 'Fabricante de Pneus do Ano' pela sua fábrica em Lousado, que desde o ano passado atingiu a neutralidade de CO2 na produção de pneus. A empresa torna-se o único fabricante de pneus a vencer em duas das categorias destes prestigiados prémios, ganhando também o prémio 'Environmental Achievement of the Year in Manufacturing'. Os prémios foram entregues na 'Tire Technology Expo', realizada a 4 de março no centro de exposições de Hannover, na Alemanha. O júri de 27 especialistas reconheceu as realizações contínuas da Continental no caminho para uma maior sustentabilidade, nomeadamente, através do aumento da proporção de materiais sustentáveis (garrafas PET recicladas) noutras fábricas da Continental, a expansão da fábrica de Rauong (Tailândia) em conformidade com os mais elevados padrões de eficiência energética, a obtenção da certificação internacional de sustentabilidade ISCC-PLUS para as suas fábricas em Lousado, Puchóv (Eslováquia) e Hefei (China), bem como a modernização da fábrica de pneus de Hefei com tecnologia de automação em conformidade com os mais recentes padrões de sustentabilidade.

9 ATUALIDADE Para a realização dos testes foram utilizados pilares A, produzidos através de um processo de injeção de baixa pressão. Simoldes Plastics e Elix Polymers colaboram para incorporar reciclado no interior de veículos premium A Elix Polymers está a colaborar com a Simoldes Plastics no projeto Boost, que visa aumentar em 40% a utilização de materiais com reciclado durante a fase de desenvolvimento de produto da empresa portuguesa. Neste contexto, o material PC/ABS E-Loop 5120MR, da Elix Polymers, com 30% de reciclado pós-consumo proveniente de resíduos de garrafas de água, foi utilizado para produzir pilares ‘A’ altamente sofisticados, com airbag, num processo exclusivo de injeção de baixa pressão, utilizado para produzir peças com incorporação de têxteis. As peças foram sujeitas a validação técnica, que incluiu ensaios mecânicos, térmicos, de processabilidade, de odor e de emissões. O material utilizado demonstrou propriedades equivalentes às das matérias-primas convencionais, mas com uma redução de até 40% na pegada de carbono do material. It all starts at 8–15 OCTOBER 2025 The World’s No. 1 Trade Fair for Plastics and Rubber Düsseldorf, Germany k-online.com/join

ENTREVISTA 10 “O problema não é o plástico, é o resíduo” PEDRO PAES DO AMARAL, VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS (APIP) Após o sucesso da primeira edição, o Plastics Summit - Global Event (PSGE) regressa em 2025 com uma ambição clara: ser uma plataforma internacional de debate aberto e inclusivo sobre os desafios ambientais do nosso tempo. Organizado pela APIP, com o apoio das associações homólogas espanhola (ANAIP), brasileira (ABIPLAST/ ABIEF) e mexicana (ANIPAC A.C.), o evento propõe uma abordagem inovadora, reunindo todos os intervenientes do ecossistema - da indústria aos cidadãos, passando pela academia, ONG, media e decisores políticos - numa discussão sem filtros, longe de fundamentalismos. Em entrevista, Pedro Paes do Amaral, vice-presidente executivo da associação e diretor executivo do PSGE, antecipa os principais destaques de uma iniciativa com potencial para afirmar Portugal como um polo internacional de inovação e sustentabilidade. Luísa Santos

ENTREVISTA 11 O Plastics Summit - Global Event tem âmbito internacional e está organizado de uma forma apelativa, diferente dos comuns eventos setoriais. Que razões levaram a APIP a criar uma conferência com estas características? Este evento é, de facto, diferente dos de formato tradicional, baseados em apresentações de índole comercial. Foi pensado para promover o debate sobre temas relacionados não apenas com a sustentabilidade dos plásticos, mas dos produtos em geral, incluindo políticas de resíduos, de cidadania, sociais, económicas e ambientais. Por isso mesmo, procuramos juntar todos os 'stakeholders', não só de dentro da cadeia de valor do plástico, mas de todas as áreas, num ambiente propício ao debate aberto, em que se possa discutir tudo, com todos, numa visão holística dos desafios ambientais que o mundo enfrenta. Tudo isto, com o principal intuito de encontrar soluções para os problemas ambientais, sem fundamentalismos e em que todos os 'stakeholders' estejam alinhados. O facto de incluírem no debate posições contrárias à indústria de plásticos é uma das razões do sucesso do PSGE? Sim, sem dúvida, acredito que o segredo está em incluirmos no debate não apenas a indústria, mas todos os intervenientes do ecossistema, da produção à distribuição e consumo, num ambiente de total transparência e liberdade de expressão. Como é que o PSGE se distingue dos demais no panorama de eventos internacionais do setor? O PSGE distingue-se, antes de mais, pela sua magnitude [na primeira edição, em 2022, tivemos mais de 1000 pessoas presentes e este ano esperamos receber entre 1500 e 2000 participantes]. Além disso, distingue-se por ser um ‘silent meeting’, falado em inglês e com tradução simultânea em português, espanhol, francês e, este ano, provavelmente também em mandarim e árabe. Distingue-se também por ter um ‘Expert Committee’, composto por representantes de todos os 'stakeholders', das petroquímicas aos transformadores, recicladores, operadoras de resíduos, aos próprios media, à sociedade civil, aos decisores políticos, à academia e às OMGs, muitos deles com intervenção nos diversos painéis. Durante o mês de setembro, este grupo de personalidades irá discutir os temas do evento, em quatro sessões online, e elaborar um ‘Position Statement’ que reflita o alinhamento comum de todos os 'stakeholders'. Que objetivos definiram para esta edição? Este ano, o nosso principal objetivo é aumentar o caráter internacional do evento. Aliás, a escolha da data, dois dias antes do início da K, a maior feira internacional do setor, visa precisamente captar participantes de outros continentes, sobretudo do americano, para que o PSGE possa ganhar uma dimensão cada vez mais global. Há novidades em relação a 2022? O formato é semelhante ao de 2022, mas há algumas novidades, sim. Por exemplo, o ‘Position Statement’ que resultar desta edição vai poder ser subscrito no site do evento por entidades particulares e coletivas e será posteriormente enviado para apresentação na COP30, que irá decorrer em novembro, em Belém do Pará, no Brasil. Além disso, no dia anterior ao evento, 5 de outubro, teremos um ‘side event’ denominado ‘Women Shaping the Future’, cujo objetivo é promover o trabalho das mulheres num mundo tradicionalmente dominado por homens e onde participarão várias iniciativas internacionais de liderança feminina, como o movimento ‘Mujeres en la Manufactura’, do México, a associação ‘Women in Plastics Italy’, de Itália, e o evento ‘Mulheres que transformam’, organizado no Brasil pela Revista Plástico Sul, com o apoio especial da Abiplast, ABIEF, Simplás e Sinplast-RS. Acreditamos que este encontro irá reforçar a dimensão humana e transformadora do PSGE 2025 e será um marco inspirador que se estenderá além do evento, consolidando laços de cooperação internacional e dando palco às vozes femininas que estão a redefinir o futuro da indústria dos plásticos. Estão previstos ainda outros ‘side events’ no domingo, cujos pormenores iremos revelar mais tarde. Podemos esperar ter no evento intervenientes de países asiáticos e árabes? Como público, definitivamente, é essa a nossa expetativa. Como intervenientes, estamos neste momento em contacto com alguns 'stakeholders' no sentido de avaliar a sua participação nos painéis de discussão. Aliás, é por isso que estamos a ponderar ter tradução simultânea em mandarim e árabe. Se queremos ter um evento global, temos de garantir que a informação chega a todos. A globalidade consegue-se através da multiplicidade de idiomas. Pela primeira vez, a comunicação social também é chamada ao debate. Que razões motivaram este convite? Os media são atores muito importantes no ecossistema da sustentabilidade. Além da função clássica de informar o público, são também ‘opinion makers’ e, como tal, têm uma responsabilidade acrescida no escrutínio da informação que divulgam. Trazê-los para o debate coloca-os em

ENTREVISTA 12 contacto com os restantes 'stakeholders' e esta comunicação é essencial para garantir que a informação veiculada é fidedigna, baseada em dados científicos. Está nos planos da organização alargar o tema do evento a outras áreas/materiais além dos plásticos? Sim, até porque o problema não é o plástico, é o resíduo e a gestão de resíduos. Este é um dos enfoques do evento, a que se junta a tal visão holística de que falávamos, para que todos possamos caminhar ao mesmo passo, no mesmo sentido. Neste contexto, queremos dar enfase ao conceito de circularidade intersectorial, em que os resíduos de um setor podem ser utilizados como matéria-prima noutro. Por exemplo, os resíduos do plástico podem ir para a construção, os resíduos do têxtil podem ir para o calçado, e por aí adiante. Aqui, as várias indústrias vão ter o papel fundamental de desenvolver práticas de circularidade intersectoriais. Durante o PSGE, teremos a presença do presidente da associação portuguesa da indústria do calçado, APICCAPS, Luís Onofre, que irá abordar este tema. De qualquer modo, é um evento importante para os transformadores de plásticos nacionais… Sim, os transformadores nacionais têm nesta iniciativa uma excelente oportunidade de networking com todos os 'stakeholders' nacionais e internacionais. Por outro lado, graças à elevada adesão de interessados, o PSGE é uma ocasião única para criamos conteúdos mediáticos que podemos partilhar antes, durante e depois do evento, levando a cabo uma campanha digital para promover a indústria e colocá-la no lugar de destaque que ela merece. Que grandes temas vão ser debatidos no PSGE 2025? Esta edição terá quatro painéis dedicados aos temas ‘Indústria Resiliente e Gestão Integrada’, ‘Caminhos para a Transição: Uma Abordagem Societal’, ‘Manter o Looping: Melhorar a Circularidade’ e ‘Arquitetura Regenerativa de Ecossistemas: Do berço ao berço’. A Agenda Sustainable Plastics vai ter um palco próprio. Que inovações vamos poder encontrar por lá? De facto, esta Agenda estratégica e de extrema importância para alavancar a economia circular dos plásticos em Portugal, terá lugar de destaque no PSGE 2025, com um palco próprio onde serão apresentadas as soluções inovadoras desenvolvidas por cada um dos 14 PPS, no âmbito dos quatro work packages de circularidade que integram o projeto. Neste espaço, os participantes ficarão a conhecer exemplos concretos de novas abordagens na conceção de materiais e produtos plásticos, nomeadamente através da incorporação de matérias-primas mais sustentáveis - como polímeros reciclados ou biopolímeros - bem como tecnologias e processos que potenciam a reciclabilidade dos produtos e a valorização de resíduos plásticos, assentes na reciclagem e no reaproveitamento de resíduos. Serão também destacadas estratégias de ecodesign e de otimização de ciclo de vida, que contribuem para uma redução da pegada ambiental dos produtos. Este palco proporcionará ao consórcio do projeto uma oportunidade estratégica, numa montra internacional, para alavancar a futura colocação no mercado dos produtos desenvolvidos, estabelecer parcerias e sinergias, e promover os avanços tecnológicos e sustentáveis desenvolvidos no âmbito do projeto. Além disso, reforçará a posição de Portugal como um polo de inovação tecnológica e sustentabilidade, aumentando a visibilidade do país e dos copromotores envolvidos na Agenda. Em que pé está este projeto? Já há exemplos de aplicação prática? A Agenda Sustainable Plastics está já na última fase de execução. Ao longo dos últimos meses, foram desenvolvidos vários protótipos de novos produtos com menor pegada carbónica, que demonstram o potencial das soluções sustentáveis exploradas. Os participantes no PSGE 2025 vão poder ver, em primeira mão, os resultados do projeto, incluindo os protótipos, num importante momento de partilha com os 'stakeholders' do setor, nacionais e internacionais, e de promoção da inovação sustentável desenvolvida em Portugal. Do ponto de vista da APIP, a par da circularidade, quais são os principais desafios que o setor enfrenta atualmente e que medidas urge implementar? Eu diria que o principal desafio é a falta de alinhamento entre a União Europeia e o resto do mundo no que respeita à legislação relacionada com a sustentabilidade. As empresas europeias estão sob um escrutínio e uma obrigação de cumprimento de regras que não se aplicam nos outros continentes, o que faz com que percam competitividade. A regulamentação tem de estar integrada num conceito global e holístico. Não pode ser implementada apenas a nível regional e de forma avulsa. Neste contexto, é muito importante que exista um realinhamento de políticas, algo que já está a começar a acontecer.

13 Em segundo lugar, a nível nacional, seria importante que o Governo português implementasse medidas compensatórias para os que mais produzem e mais contribuem - naturalmente em alinhamento com os princípios da sustentabilidade -, de forma a que estas empresas possam continuar a crescer. Por outro lado, numa altura em que estamos cada vez mais sujeitos a fenómenos climáticos, com cortes de energia sucessivos, torna-se crucial o investimento do Governo português no reforço da qualidade das linhas energéticas nacionais, de maneira a garantir um abastecimento constante, de qualidade e a preços competitivos. A tudo isto, acrescentaria que todos beneficiaríamos da criação de um mercado único de energia e de transportes. Portugal, sendo um país pequeno, tem uma indústria de plásticos com uma capacidade de inovação considerável, apoiada por instituições de ensino e por diversos centros tecnológicos. Por isso, eu acredito que, se as empresas portuguesas tiverem um nível de regulamentação, de impostos e de custos energéticos igual aos das demais, têm todas as condições para ser competitivas. Enquanto isso não acontece, há oportunidades para as empresas portuguesas? Sim, há oportunidades principalmente na área da defesa e da saúde. O envelhecimento da população acarreta desafios, mas também constitui uma oportunidade, já que implica o desenvolvimento de várias áreas, da farmacêutica à mobilidade, em que o consumo de produtos plásticos é muito elevado. Mas é preciso que esses produtos sejam feitos cá... Claro. Por isso é que é determinante aumentar a produtividade e a competitividade das nossas empresas. Isso passa por todos os aspetos de que já falámos e, também, por uma real política de reindustrialização e desburocratização da Europa. Para terminar, que mensagem gostaria de deixar aos profissionais que ponderam participar no PSGE 2025? Que todos juntos fazemos toda a diferença. Por isso mesmo, é importante que todos compareçam e se juntem ao debate com as suas experiências, opiniões e ideias. Acredito que, uma vez mais, este evento vai demonstrar de forma inequívoca a força, a resiliência e a dinâmica deste setor. n Sistemas de medição de perfil em linha info@imvolca.com +34 936 626 533 www.imvolca.com EXTRUSION CUTTING AND WINDING MACHINERY F.K.W SPIROFLUX Mangueiras aquecidas Tacos de borracha e correntes Fusos

14 CONJUNTURA Crise da reciclagem de plásticos na UE exige uma ação imediata “Agora, mais do que nunca, é essencial uma ação decisiva”, afirmou Ton Emans, presidente da Plastics Recyclers Europe. A organização insta os decisores políticos da UE a tomarem uma posição firme e rápida, implementando controlos de importação eficazes e assegurando o cumprimento da legislação existente, incluindo restrições à entrada de materiais que não cumpram as normas europeias de sustentabilidade e segurança. De acordo com Emans, estas medidas são cruciais para a sobrevivência da indústria de reciclagem de plásticos, que investiu 5 mil milhões de euros entre 2020 e 2023 para cumprir os objetivos obrigatórios. Para além destas dificuldades de mercado, as empresas de reciclagem europeias enfrentam custos de energia elevados e um aumento do preço dos resíduos de entrada, o que fez aumenA indústria de reciclagem de plásticos na União Europeia está a atravessar uma crise sem precedentes. A queda da produção interna, o aumento das importações e as crescentes pressões económicas estão a levar ao encerramento de numerosas empresas do setor. Há anos que a indústria tem vindo a alertar para estes riscos, que se manifestam agora com graves consequências em toda a cadeia de valor. tar os custos de funcionamento nos últimos anos. Ao mesmo tempo, têm de competir com materiais importados mais baratos, cuja proveniência é frequentemente opaca e pode incluir alegações fraudulentas. Atualmente, as importações de plásticos reciclados e virgens representam mais de 20% do consumo de polímeros na UE. Paralelamente, as exportações de resíduos de plástico da UE aumentaram 36% em 2024, em comparação com 2022, refletindo uma dependência preocupante de soluções fora da região, em vez de reforçar a reciclagem interna. Consequentemente, o crescimento da capacidade de reciclagem de plásticos foi o mais lento dos últimos anos, acompanhado pelo encerramento crescente de instalações de reciclagem. A capacidade total das unidades encerradas em 2024 era o dobro da de 2023, e a situação continua a agravar-se em 2025, afetando tanto as pequenas como as grandes empresas. Estas tendências tiveram um impacto negativo na indústria, reduzindo as taxas de reciclagem, abrandando a adoção de práticas circulares e aumentando a dependência de métodos de produção menos sustentáveis. Consequentemente, a UE está longe de atingir os seus objetivos de reciclagem e sustentabilidade para 2025. Sem o reconhecimento da reciclagem de plásticos como um setor estratégico e a aplicação de medidas comerciais para proteger a produção europeia das distorções do mercado, a indústria continuará a deteriorar-se. Este facto comprometerá os compromissos da UE em matéria de economia circular, independência dos recursos e empregos 'verdes'. n

16 ANÁLISE DE MERCADO Mercado de masterbatches deverá atingir 5,9 milhões de toneladas até 2033, liderado pela embalagem O mercado global de masterbatches, misturas concentradas e dispendiosas de aditivos que otimizam o uso de polímeros, continua a crescer significativamente. De acordo com o último estudo da Ceresana, a procura destes ingredientes plásticos vai atingir quase 5,9 milhões de toneladas em 2033. Este relatório, agora na sua quarta edição, analisa detalhadamente as tendências de um dos principais produtos da indústria dos plásticos.

17 ANÁLISE DE MERCADO Os masterbatches são granulados que contêm pigmentos ou aditivos altamente concentrados. A sua função é modificar ou melhorar as propriedades dos plásticos, conferindo-lhes cor, resistência aos raios UV, estabilidade térmica ou mesmo caraterísticas especiais como a biodegradabilidade. Embora existam alternativas como os pós, pastas ou líquidos, os masterbatches em forma granular oferecem vantagens fundamentais: distribuição uniforme dos aditivos, maior fiabilidade do processo e facilidade de personalização dos plásticos para aplicações específicas. Principais tipos de masterbaches: • Brancos: Predominantes no mercado devido à utilização de dióxido de titânio (TiO2), utilizado para colorir os plásticos de branco e protegê-los contra os raios UV. • Pretos: Utilizados principalmente em produtos como tubos, filmes agrícolas e peças para automóveis. • De cor: Incorporam pigmentos inorgânicos, orgânicos ou corantes de efeito especial. • De aditivos: Melhoram propriedades como o retardamento da chama, a anti-oxidação ou a reciclabilidade. PERSPETIVAS POR TIPO E APLICAÇÃO O relatório da Ceresana fornece dados detalhados sobre a procura e as receitas projetadas por tipo de masterbatch: • Brancos: 1,6 milhões de toneladas são já consumidas anualmente, destacando-se pela sua elevada popularidade. • Pretos, cores e aditivos: Continuam a crescer devido à diversificação para aplicações industriais. Para além disso, o estudo analisa a distribuição das receitas por tipo de polímero de suporte (como o polietileno e o polipropileno), bem como o desempenho do mercado em 30 países, incluindo a China, os Estados Unidos, a Índia e o Brasil. UM MERCADO IMPULSIONADO PELO CRESCIMENTO GLOBAL O estudo salienta que o segmento das embalagens é o principal consumidor, representando um terço da procura total de masterbatches. Dentro deste segmento, os produtos flexíveis, como sacos e filmes de plástico, e as embalagens rígidas, como recipientes e garrafas, são os mais relevantes. Outros setores importantes incluem a construção, a indústria automóvel, a eletrónica e os bens industriais. Geograficamente, a região Ásia-Pacífico lidera o mercado com mais de um terço das receitas totais, seguida da América do Norte e da Europa Ocidental, que representam 23% e 19%, respetivamente. INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA O mercado está também a adotar soluções mais sustentáveis, como masterbatches que promovem a reciclagem e tecnologias inovadoras para reduzir o impacto ambiental, por exemplo, projetos que reciclam o negro de fumo de pneus usados. Além disso, os avanços na biodegradabilidade e na proteção contra a contrafação estão a redefinir as aplicações destes produtos. SOBRE O ESTUDO O relatório 'Masterbatches - World' inclui uma análise abrangente do mercado até 2033, dividindo os dados por tipo de masterbatch, áreas de aplicação e polímeros de suporte. Para além disso, apresenta perfis detalhados de 54 dos maiores fabricantes mundiais, como a Alok Masterbatches Pvt. Ltd., Avient Corporation e RTP Company, entre outros. Para mais informações sobre este relatório, visite o site da Ceresana: https://ceresana.com/ n

18 EVENTOS D2P 2025: inovação, sustentabilidade e estratégia para uma nova era industrial A conferência Design 2 Product (D2P) regressou com força renovada na nona edição, afirmando-se como um dos principais palcos nacionais de debate sobre o futuro do desenvolvimento de produto. Realizado pela primeira vez em Lisboa, o evento deu voz a empresas, centros de investigação e académicos que colocam o design, a inovação tecnológica e a sustentabilidade no centro da transformação industrial. Com uma programação rica e multidisciplinar, a conferência traçou o retrato de um setor dinâmico e global, pronto para responder aos desafios da transição digital e ecológica. Marta Clemente

19 EVENTOS A conferência realizou-se no passado dia 26 de março, num novo palco, o LX Factory, em Lisboa, e reuniu 411 participantes, entre profissionais da indústria, investigadores e estudantes. Organizada pelo Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (Centimfe) e pela empresa Almadesign, a D2P voltou a afirmar-se como um espaço privilegiado para a troca de ideias, apresentação de soluções tecnológicas e reflexão sobre os desafios da transição digital e ecológica nos setores da transformação e engenharia de produto. O evento contou com a presença de 30 oradores, 14 expositores, e um total de 167 entidades nacionais e internacionais representadas, o que traduz um sinal claro do interesse que a conferência continua a suscitar entre os agentes da fileira. Esta edição marcou também um recorde de participação, facto sublinhado à Interplast pelo diretor-geral do Centimfe, Rui Tocha: “Este ano, pela primeira vez, decidimos realizar o evento em Lisboa, com o intuito de ‘aumentar a visibilidade do trabalho realizado na nossa indústria”, disse. “O nosso setor tem competências ímpares no mundo inteiro. Na área do desenvolvimento de produto, todos os dias são feitos centenas de protótipos nas nossas empresas. No entanto, o público não tem noção disso, desconhece o trabalho que as empresas, os centros de investigação e as escolas realizam diariamente para os mais variados setores e o impacto que esse trabalho tem no seu dia a dia. Ao escolhermos Lisboa para a conferência deste ano, pretendíamos atingir um público mais lato, que possa fazer eco do nosso trabalho. E acho que atingimos o objetivo, já que conseguimos um número recorde de participantes”, frisou o responsável. DESIGN COMO MOTOR ESTRATÉGICO: INOVAÇÃO, SUSTENTABILIDADE E DIFERENCIAÇÃO NAS VOZES DA INDÚSTRIA O primeiro painel da conferência, inteiramente dedicado ao tema ‘Design’, trouxe ao palco do LX Factory uma visão multifacetada sobre o papel estratégico do design na inovação industrial. Moderado por Rita Almendra, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, o painel teve como keynote speaker José Rui Marcelino, da Almadesign, e reuniu intervenções de representantes de empresas com percursos distintos, mas unidas por uma abordagem crítica e criativa ao desenvolvimento de produto. Andreia Costa, da OLI, fabricante de sistemas sanitários, partilhou o percurso do projeto ‘Less is More’, o nome de uma placa de descarga, desenvolvido pelo designer italiano Alessio Pinto, onde os botões de acionamento da água do autoclismo dão lugar a dois Na nona edição, a conferência Design 2 Product (D2P) afirmou-se entre os principais encontros nacionais dedicados à inovação no desenvolvimento de produto. O primeiro painel da conferência, dedicado ao tema ‘Design’, trouxe ao palco do LX Factory uma visão multifacetada sobre o papel estratégico do design na inovação industrial.

20 EVENTOS cordões, que nos fazem recuar no tempo. Esta foi uma aposta arrojada que, segundo a responsável, provocou reações polarizadas. A ousadia valeu à marca duas patentes, uma de design e outra de invenção, culminando com a conquista de um Red Dot Award, um dos mais prestigiados prémios internacionais na área. Para além do reconhecimento, o caso evidenciou como o design pode ser uma alavanca de diferenciação até em produtos tradicionalmente considerados 'não sexy'. A representante da OLI enfatizou também o papel da tecnologia no design de produtos sanitários com sensores capacitivos, que permitem melhorar a experiência do utilizador, a higiene e promover a sustentabilidade. Carlos Teixeira, da Cheto, trouxe uma perspetiva distinta, centrada nos desafios do design industrial em grande escala. A empresa, especializada em equipamentos de furação profunda de alta precisão, enfrenta restrições logísticas complexas na exportação de máquinas com dimensões que chegam aos 12 metros e 70 toneladas. “A integração entre design e engenharia é essencial para modular e estandardizar componentes, de forma a garantir que conseguimos ocupar até 90% do espaço útil dos contentores”, explicou. A sua intervenção destacou o design como ferramenta estratégica para a internacionalização e competitividade, ao ter o poder para desenvolver máquinas que caibam em contentores padrão, reduzindo o impacto ambiental e custos logísticos. Pedro Sá, em representação da Polisport, que atua em diversas áreas da mobilidade e lazer, sublinhou a importância de uma abordagem holística ao design, alinhada com a diversidade de mercados da empresa — que vão dos carrinhos de bebé ao motociclismo. Com mais de 60% da produção direcionada para exportação, a Polisport aposta num design universal, capaz de responder a múltiplos contextos culturais e exigências técnicas. “Decidir lançar um novo produto implica avaliar a aceitação do mercado, a viabilidade financeira e técnica, o impacto ambiental e o timing”, frisou, acrescentando que a circularidade e a longevidade dos equipamentos são hoje premissas indissociáveis do processo criativo. Sérgio Martins, do grupo Vangest, uma referência europeia em serviços integrados, encerrou o painel com uma intervenção centrada na inovação sustentada. Referiu que entre 5% e 8% da faturação do grupo é investida em I&D, com o design presente desde a conceção até à industrialização. Reforçou que “o sucesso é como uma maratona: exige planeamento estratégico, visão de longo prazo e gestão rigorosa dos recursos”. A metáfora da maratona serviu para ilustrar a necessidade de integrar critérios económicos nas fases iniciais do desenvolvimento, garantindo a viabilidade sem comprometer a qualidade ou a diferenciação. Sérgio Martins reforçou, por fim, a importância de desafiar constantemente o mercado, com foco na diferenciação e inovação contínua. O evento contou com um número recorde de 411 participantes.

21 EVENTOS O painel terminou com uma nota coletiva de reconhecimento ao ecossistema industrial e académico nacional. A partilha de experiências, a inspiração cruzada entre setores e o espírito de 'também conseguimos fazer' foram apontados como motores de uma nova geração de produtos inovadores com selo português. INOVAÇÃO DIGITAL E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COMO ALAVANCAS DE COMPETITIVIDADE O segundo painel, moderado por José Manuel Mendonça, investigador sénior do Inesc Tec, centrou-se nas tecnologias emergentes que estão a redefinir o processo de desenvolvimento de produto. Francisco Mendes, co-founder e CEO da Make It product R&D, destacou o papel da disrupção tecnológica: “A capacidade computacional e os algoritmos evoluíram drasticamente, tornando realidade produtos que antes eram apenas fantasia”. Sublinhou ainda como a personalização em massa, impulsionada pela IA, permite adaptar soluções às necessidades individuais em larga escala e garante uma vantagem competitiva cada vez mais difícil de imitar. Para Francisco Mendes, a adoção precoce de IA é decisiva, pois “quem integra estas ferramentas agora captura dados valiosos” e não pode ficar para trás numa corrida global que vê empresas gigantes norte-americanas a liderar: “Há uma corrida internacional pelo domínio em IA e quem ficar para trás perde relevância”. Na perspetiva da sustentabilidade, o responsável explicou que a IA não é apenas uma revolução de design, mas também um motor de eficiência: “Monitorização inteligente reduz o desperdício e otimiza o consumo energético em tempo real”, libertando as equipas de tarefas repetitivas para se concentrarem em atividades de maior valor. Citou casos de assistentes de projeto – como ferramentas que geram ‘enclosures’ funcionais – e aplicações em impressão 3D metálica, robótica autónoma e gestão de redes, ilustrando como estas soluções já desbloquearam mercados antes inacessíveis. Helena Silva, do CEIIA - Centre of Engineering and Product Development, trouxe um olhar institucional para a engenharia avançada em Portugal. Explicou a aposta na computação de borda, ou ‘Edge Computing’, distribuída para diminuir a pegada energética da IA, e a importância de evoluir infraestruturas

22 EVENTOS de carregamento de veículos elétricos de forma inclusiva e de pensar a diversificação tecnológica de forma a envolver a comunidade local. A chief technology officer (CTO) lembrou que projetos como o CEIIA, um serviço de inteligência autonómica com mais de 25 anos, provam que a formação contínua e a interoperabilidade de normas são fundamentais para consolidar o ecossistema tecnológico nacional. Leonel de Jesus, da Iberomoldes, reforçou a maturidade do setor nacional, recordando que a empresa foi pioneira na adoção de CAD nos anos 80 e que hoje integra a IA em todo o fluxo “do conceito ao produto final”. A sua intervenção sublinhou a importância de soluções integradas – que incluem inovação, engenharia, moldes e logística – para acelerar o desenvolvimento e manter a competitividade em setores críticos como aeronáutica e automóvel. Luís Nobre, da Beyond Composite, empresa de produção de componentes em materiais compósitos avançados, abordou a transição para moldes 100% digitais, salientando o impacto na redução de desperdício e na circularidade dos materiais. Para além da tecnologia, enfatizou a capacitação das equipas: “não basta dispor de ferramentas de IA; é essencial formar as pessoas para tirarem o máximo partido destas soluções”. A utilização de impressão aditiva de grande formato e simulações preditivas via IA foi apresentada como um exemplo de como acelerar protótipos e reduzir custos de teste. Por fim, Pedro Alberto, professor na Universidade de Coimbra, realçou o valor dos dados fiáveis para garantir a robustez das simulações e a segurança das decisões automatizadas. Alertou para a necessidade de governação rigorosa dos conjuntos de dados, de forma a consolidar a confiança nos modelos de IA e evitar resultados enviesados. Ao longo do debate, surgiram ainda propostas para a criação de um ‘AI Office’ em universidades, destinado a coordenar projetos de inteligência artificial no ensino e na investigação, bem como apelos para a atualização das infraestruturas territoriais, de modo a acompanhar a adoção de novas tecnologias. O painel terminou com uma provocação de José Manuel Mendonça: “qual é a diferença real entre um produto que usa algoritmos e outro que incorpora inteligência autónoma evolutiva?”, lembrando que a verdadeira sustentabilidade passa por equilibrar inovação e consumo energético. INDUSTRIALIZAÇÃO COM PROPÓSITO: SOLUÇÕES ADAPTATIVAS PARA UM MUNDO VOLÁTIL O terceiro painel da conferência, dedicado ao tema da ‘Industrialização’, desafiou os modelos convencionais e apresentou abordagens concretas para uma produção mais inteligente, resiliente e sustentável. O painel, moderado pelo consultor Rafael Pastor, contou com intervenções de representantes da indústria, defesa e centros tecnológicos, e teve como keynote speaker Gonçalo Tomé, do Centimfe e da CIE Plasfil. O terceiro painel, dedicado ao tema da ‘Industrialização’, apresentou abordagens concretas para uma produção mais inteligente, resiliente e sustentável. “Industrializar não é apenas fabricar — é pensar toda a cadeia de valor como parte integrante da solução final", disse Gonçalo Tomé

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